Um jovem negro de 19 anos foi agredido durante uma abordagem policial na noite da última sexta-feira, na zona sul de São Paulo. Ele estava em frente de sua casa na companhia de amigos. Os agentes estavam com câmeras corporais, segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública), mas as imagens ainda não foram disponibilizadas.
A abordagem ocorreu na noite de sexta-feira, após Leonardo Parreira, 19, chegar do trabalho e se reunir com amigos. Eles estavam fumando um cigarro de maconha, quando a polícia se aproximou do grupo.
No boletim de ocorrência é dito que foi solicitado ao jovem que jogasse o cigarro no chão. Ele se mostrou relutante, mas pisou sobre o cigarro, conforme ordem policial. O policial diz que abordagem não havia terminado, desceu da viatura e jovem teria demonstrado resistência. Foi pedido que ele colocasse as mãos para trás, e o algemaram.
O rapaz reclamou que "estava machucando sua mão e seus pulsos"; a polícia diz que nesse momento foram chamados de "vermes" e "lixos". Nesse momento, diz Leonardo em depoimento, os policiais começaram a "lhe agredir com socos e chutes", mesmo algemado.
Imagens captadas por vizinhos mostram os policiais aplicando um mata-leão em Leonardo.
O rosto do jovem de 19 anos ficou inchado, seu olho esquerdo ficou roxo e há ainda marcas de agressão na boca, além de pequeno corte na região da testa.
FAMÍLIA QUER QUE POLICIAIS SEJAM INVESTIGADOS
A família de Leonardo diz que formalizará uma denúncia na corregedoria contra os policiais envolvidos. De acordo com o advogado de Leonardo, Higor Oliveira, a conduta dos policiais "não reflete a integridade da corporação que, na maioria das vezes, atua de forma exemplar".
A Polícia diz que foi encontrado um "celular com restrição, levantando suspeita de receptação", mas que dono do aparelho não reconheceu o jovem como autor do roubo. Questionado, Leonardo nega que o celular estava em sua posse.
O caso foi registrado como desacato, receptação e apreensão e entrega de objeto. Leonardo foi liberado após assinar um termo circunstanciado.
A PM diz que vai analisar as imagens da abordagem. Sobre a acusação de agressão, a SSP-SP diz que "não compactua com desvios de conduta" e "pune com rigor os que não seguem os protocolos da corporação".