Circula nas redes sociais uma fake news de que o Brasil teria vendido urânio para o Irã, nação que vivencia um conflito neste momento com Israel. O governo brasileiro desmentiu a afirmação nesta terça-feira (17), relembrando que o país “é signatário de diversos tratados internacionais onde se compromete em não fornecer material nuclear para fins armamentistas”. Uma notícia falsa parecida já havia circulado no ano passado, dizendo que o Brasil havia vendido o mineral para a China. 

O urânio brasileiro é minerado no interior da Bahia pela empresa pública Indústrias Nucleares do Brasil (INB) - há ainda um projeto para explorar uma mina no Ceará. Depois, ele é enriquecido numa fábrica em Resende (RJ) e segue para ser usado nas usinas nucleares de Angra dos Reis (RJ). Ou seja, todo urânio produzido no Brasil é usado com finalidade de produção de energia, de acordo com o governo brasileiro. Juntas, Angra 1 e Angra 2 correspondem a 2% da matriz energética brasileira.

Todo o processo - desde a mineração até o uso na usina - é comandado por empresas públicas.  A Constituição Federal determina que “explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados” é uma competência exclusiva da União.

“Desde 1998, o Brasil é parte do Tratado sobre a Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP). O TNP tem como objetivo promover o desarmamento nuclear geral e completo, impedir a proliferação das armas nucleares e fomentar a cooperação no uso pacífico da energia nuclear. Aberto para assinatura em 1968, o tratado entrou em vigor em 1970. Em 11 de maio de 1995, o TNP foi prorrogado por tempo indeterminado”, afirma o governo federal por meio de comunicado.

O texto lembra ainda que o Brasil faz parte do Tratado de Tlatelolco (Tratado para a Proscrição de Armas Nucleares na América Latina e no Caribe), que estabelece uma zona livre de armas nucleares na região. esse tratado proíbe, em caráter definitivo, a fabricação, aquisição, teste, armazenamento, instalação e utilização de armas nucleares nos países signatários. 

“Vale ressaltar a participação do Brasil no Grupo de Supridores Nucleares (NSG), organismo internacional de divulgação, aberto a governos, países de trânsito e transbordo de materiais e bens sensíveis, a fóruns multilaterais e regionais, e à indústria envolvida com o desenvolvimento e comercialização das tecnologias consideradas sensíveis na área nuclear”, completa o comunicado.

Saiba como o urânio se transforma em um combustível

O urânio é retirado da terra e triturado. Sob ele, então, se joga uma solução ácida, que separa o urânio do minério. Esse processo resulta num líquido chamado de licor de urânio. Depois de filtrado e decantado, esse líquido se transforma em um concentrado, o yellowcake, que é o urânio natural em forma de pasta. Ele é então embalado e segue para outra etapa: a conversão, que transforma esse concentrado no gás hexafluoreto de urânio.

Para que possa gerar energia elétrica, o urânio tem de ser enriquecido, ou seja, concentrado. Isso é feito em diversas cascatas de ultracentrífugas, instaladas na fábrica de enriquecimento de urânio da INB em Rezende, no estado do Rio de Janeiro. Dentro desses equipamentos, o gás hexafluoreto de urânio gira numa velocidade extremamente alta, separando os átomos mais leves dos mais pesados. Isso faz com que a concentração de urânio natural passe de 0,7% para até 3,65%. É esse enriquecimento que permite ao átomo de urânio liberar calor e gerar energia.

(Fonte: governo federal)