O Dia Mundial do Orgulho Autista é comemorado nesta quarta-feira (18) com o objetivo de celebrar a neurodiversidade e lutar por uma sociedade mais inclusiva e justa para todas as pessoas portadoras do Transtorno do Espectro Autista (TEA). O dia foi criado pela organização Aspies for Freedom, fundada em 2004, que surgiu como uma resposta ao tratamento negativo e torturante que autistas recebiam em todo o mundo.  

O autismo no mundo 

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 70 milhões de pessoas no mundo vivem dentro do espectro autista – 2 milhões delas no Brasil. Além disso, a instituição aponta ainda que uma a cada 160 crianças é portadora do transtorno, que tem maior incidência no sexo masculino

Ainda de acordo com a OMS, as habilidades e necessidades das pessoas autistas variam e podem evoluir com o tempo. Enquanto algumas pessoas com autismo conseguem viver de forma independente, outras têm deficiências graves e precisam de cuidados e apoio por toda a vida.  

A médica pediatra Débora Miranda, professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), esclareceu algumas dúvidas relacionadas ao TEA. Ela atua com neurodesenvolvimento há 15 anos e co-coordena o projeto Nitida. 

O que é TEA? 

O Transtorno do Espectro Autista nada mais é do que um transtorno do neurodesenvolvimento, cujo impacto afeta principalmente o campo social e que tem apresentação clínica variada. 

Quais são os sinais? 

Os principais sinais do transtorno são dificuldades persistentes na comunicação e interação social, podendo haver dificuldade em contato visual, entender expressões faciais e linguagem corporal, iniciar ou manter conversas, e desenvolver amizades.  

Além disso, pode haver padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades. Isso inclui: movimentos repetitivos (estereotipias), insistência em rotinas rígidas, interesses muito específicos e intensos e sensibilidade sensorial incomum (a sons, luzes, texturas etc). 

A intensidade e a combinação desses sinais variam em cada pessoa. 

Como é feito o diagnóstico? 

O diagnóstico é clínico e deve ser feito por profissionais como psiquiatra, neurologista, psicólogo e fonoaudiólogo, experientes na área. Estamos vendo muitos quadros com diagnósticos incorretos. 

Como funciona o tratamento? 

O tratamento busca a melhor adaptação e a funcionalidade da criança, que deve ser estimulada nos campos de prejuízo. O psiquiatra infantil e o neurologista pediátrico usualmente são os profissionais procurados para as intervenções médicas. O psicólogo, que domina estratégias comportamentais, pode ajudar no manejo de comportamentos, e a fonoaudiologia é comumente acionada nos casos em que ocorrem alterações de linguagem e fala. 

Como é o suporte? 

O suporte é feito por uma equipe multiprofissional. É importante ressaltar que as demandas acontecem de acordo com os campos de prejuízo do desenvolvimento da criança. Nem todos precisam de todos os profissionais, e o contexto deve ser bem compreendido. Também é comum que os pais precisem de suporte profissional para melhor manejarem os comportamentos da criança. Os pais devem buscar por intervenções baseadas em evidências estabelecidas em fontes confiáveis. 

Onde procurar ajuda quando se tem o diagnóstico? 

A primeira ajuda é sempre o pediatra ou médico de referência da sua família que irá direcioná-la quanto às necessidades da criança, seja com avaliação ou intervenção. As Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apaes) são  referência para quadros graves com comprometimento cognitivo frequentemente. Já nos quadros mais brandos, a reabilitação fica a cargo de equipe multiprofissional referenciada pela Unidade Básica de Saúde (UBS).

Quais são os impactos do diagnóstico tardio? 

O diagnóstico tardio dificulta o acesso e a estimulação da criança, contudo é importante que, mesmo que tardiamente, uma criança seja acompanhada e bem avaliada para ser submetida às intervenções necessárias, sejam farmacológicas ou outras de cunho terapêutico. 

Dia Mundial do Orgulho Autista

Em Belo Horizonte, o Cine Santa Tereza, na região Leste, realizará a “Sessão Azul” no dia 26 de junho, às 16h30, em para celebrar o Dia Mundial do Orgulho Autista. 

O filme exibido será o clássico de 1955 “A Dama e o Vagabundo”, os ingressos são gratuitos e serão disponibilizados antecipadamente pelo Sympla

A sessão é aberta para todos os públicos, mas com atenção especial às pessoas com TEA.  O ambiente é adaptado com meia-luz, som mais baixo e livre acesso à sala de cinema.

* Estagiária sob supervisão de Atualidades