A Polícia Civil de Santa Catarina já ouviu seis pessoas, inclusive o piloto, que estavam no balão que pegou fogo e caiu neste sábado (21/06) em Praia Grande (SC). O acidente matou oito pessoas e deixou 13 feridos. Os corpos começaram a ser velados e enterrados.

O delegado-geral da Polícia Civil catarinense, Ulisses Gabriel, afirmou, em nota à reportagem, que outras cinco pessoas foram ouvidas dede sábado. Ou seja, 11 já prestaram depoimento.

De acordo com os bombeiros, 21 pessoas estavam a bordo, incluindo o piloto. O balão caiu em uma área de vegetação, distante cerca de 9 quilômetros do centro da cidade.

Segundo o delegado-geral, a equipe de investigação ainda precisa colher os depoimentos de mais sete passageiros que estavam no voo, além de trabalhadores que atuavam no local, representantes da Sobrevoar, a empresa responsável pelo passeio. e testemunhas.

Esses depoimentos devem ser feitos ao longo desta semana.
Paralelamente, disse Gabriel, está em elaboração um relatório de investigação com base em materiais audiovisuais e documentos apreendidos.

"A equipe também aguarda os laudos periciais, especialmente os exames técnicos, que serão fundamentais para esclarecer as circunstâncias do acidente", afirmou.

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A dinâmica do acidente de balão

Em entrevista coletiva no sábado, representantes das forças de segurança do Estado afirmaram, segundo os relatos iniciais, que o balão apresentou um problema já no ar, após a decolagem. Ele teria ficado pouco mais de quatro minutos no ar.

O piloto conseguiu realizar uma descida de emergência, chegando próximo ao solo. Neste momento, 13 ocupantes, incluindo ele, conseguiram saltar do cesto.

Com o alívio abrupto de peso, a estrutura subiu de forma descontrolada, com oito pessoas, que não conseguiram saltar. Quatro delas se jogaram de uma altura mais elevada. As outras quatro teriam morrido com o choque do cesto no chão.

A suspeita é que um incêndio tenha começado no próprio cesto, possivelmente causado por um maçarico que não fazia parte da estrutura original da aeronave. De acordo com a polícia, esse foi o relato de mais de um dos ouvidos na investigação.

No sábado, o delegado de Praia Grande Tiago Luiz Lemos afirmou que o piloto relatou que houve uma chama no interior do cesto e que, quando o balão estava bem próximo ao solo, ele ordenou para que as pessoas pulassem.

Em depoimento, ele disse que tentou usar o extintor de incêndio para conter as chamas, mas o equipamento falhou. O maçarico, de acordo com o relato ao policial, estava dentro do cesto.

O piloto não soube dizer se ele ficou aceso ou se teve uma chama espontânea, afirmou o delegado a jornalistas na manhã deste sábado. "Mas o fogo teria começado no maçarico", afirmou.

Um piloto de balão ouvido pela reportagem afirmou que o maçarico acionado pode ter sido o reserva, que é levado em uma bolsa caso o principal, que é considerado o motor do balão, apague.

"[Havia] Uma chama no interior do cesto, então ele [piloto] começou a baixar o balão. Quando o balão estava bem para o máximo solo, ele ordenou para que as pessoas pulassem", disse sábado o delegado de Praia Grande.

Segundo o policial, as chamas começaram a aumentar, e o balão subiu novamente, mas caiu depois por falta de sustentação.
Na entrevista coletiva de sábado à tarde, o perito-geral adjunto, Douglas Balen, disse que foi realizado um mapeamento 3D de toda a área do acidente, o que que permitirá uma análise detalhada do local.

A empresa Sobrevoar afirmou, por meio de nota, que cumpre com "todas as normas estabelecidas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac)", destacando que não tinha registros de acidentes anteriores.

Segundo a empresa, o acidente ocorreu "mesmo com todas as precauções necessárias e com o esforço de nosso piloto, que possui ampla experiência e adotou todos os procedimentos indicados, tentando salvar todos os que estavam a bordo do balão".