Moradores de Paraisópolis, favela na zona sul de São Paulo, receberam ligações de golpistas se passando por integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) para exigir dinheiro para livrar "irmão" da cadeia. Vítimas citam uma tabela de contribuições que chega a R$ 50 mil.
As tentativas de golpe começaram após um policial militar ser baleado no pescoço durante perseguição dentro da favela, no último dia 7. O episódio deflagrou uma operação policial que ocupa Paraisópolis há uma semana para prender os suspeitos.
Em uma das ligações, o golpista cita a ocorrência e pede dinheiro para contratar advogados para defender os acusados pelo crime, "para ver quem corre com 'nóis', quem é contra e quem é a favor", segundo trecho de ligação recebida por um comerciante.
O golpista também argumenta que o crime organizado "dá a segurança que o estado não dá" e, por isso, os moradores devem contribuir.
As vítimas afirmam que os golpistas tinham acesso a informações pessoais como nome completo, endereço, nomes de familiares e ocupação.
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Uma delas, que não quis se identificar, afirmou que foi informada de uma "tabela de contribuição" que chega a R$ 50 mil, no caso de donos de comércios na favela. A tentativa de golpe inclui ameaças como monitoramento do dia a dia da vítima a partir de câmeras de segurança controladas pela facção.
Ela conta que desligou o telefone ao desconfiar que se tratava de um golpe, mas relata que sentiu medo de sair de casa após a abordagem.
Outra vítima desconfiou da abordagem pelo fato do interlocutor ter forte sotaque carioca. No Rio de Janeiro, a milícia é habituada a cobrar mensalidades de moradores de favelas e comerciantes em troca de proteção e outros serviços.