Monitoramento

Acidentes de helicóptero são 1 a cada 10 na aviação; saiba principais causas

Frequência de quedas como a dos últimos dias é considerada anormal por especialistas

Por Gabriel Rodrigues
Publicado em 03 de janeiro de 2024 | 11:12
 
 
 
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Acidentes de helicóptero tomaram o noticiário no início de 2024. Foram pelo menos três ocorrências graves desde a virada do ano — no Maranhão, em Minas Gerais e em São Paulo. É um ritmo mais alto que o habitual: no último ano, segundo dados ainda não finalizados pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), foram 15 acidentes, com dez fatalidade envolvidas.

Nos últimos dez anos, desde 2013, foram registrados 191 acidentes de helicóptero no Brasil, 61 deles em Minas. Isso significa que cerca de um em cada dez acidentes aéreos no país ocorre com helicóptero — foram 1.756 ocorrências com aeronaves em geral nesse período. O ritmo de acidentes visto nesta semana, portanto, não é habitual, assegura o advogado, piloto e membro da Comissão de Direito Aeronáutico da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Wagner Cláudio Teixeira. 

“Não é normal, embora esses casos tenham ocorrido por diversas causas. É importante aguardar os relatórios finais do Cenipa. Os maiores riscos envolvem condições meteorológicas adversas e uma avaliação deficiente por parte dos pilotos”, introduz. 

O especialista em segurança de voo pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e professor do centro universitário Una Leonardo Gomes pondera que acidentes ocorrem por problemas em um destes três fatores: "máquina, homem e meio". Ele explica: “nenhuma máquina falha do nada. Se eu deixá-la encostada e fizer um voo a cada três meses, ficou de lado. Se o homem não treinou e for voar a cada seis meses, ficou de lado. E se não prestei atenção às condições climáticas, como talvez seja o caso do acidente em Ilhabela, deixei o meio de lado. Tenho que integrar esses fatores muito bem, desde Santos Dumont e dos irmãos Wright eles têm que ser observados. Se forem, a aviação é muito segura. Os riscos existem, e ao mesmo tempo, existe a mitigação”, resume. 

O Cenipa lista as principais causas de acidentes de helicóptero. A mais frequente é a perda de controle, responsável por cerca de 35,6% das ocorrências, 68 delas. “Geralmente, o piloto perde a consciência situacional e, consequentemente, o controle da aeronave. Voos visuais somente podem ser feitos observando os obstáculos. Caso o piloto, inadvertidamente, entre em condições de voo por instrumento (dentro ou acima das nuvens), certamente perderá o controle da aeronave. Outra questão de perda de controle é o treinamento deficiente do piloto em casos de emergências. Se ele não estiver preparado, não conseguirá controlar a aeronave durante essas manobras”, detalha Teixeira.

Relembre os acidentes de helicóptero dos últimos dias

O primeiro acidente ocorreu no dia 31 de dezembro, quando um helicóptero com quatro pessoas saiu da capital de São Paulo e desapareceu no caminho até Ilhabela, no litoral paulista, em meio à neblina. As buscas prosseguem pelo terceiro dia nesta quarta-feira (03/01).

O segundo foi em Capitólio, no Sul de Minas, em um veículo que também transportava quatro pessoas. Ele caiu no lago de Furnas na terça-feira (02/01) e uma pessoa morreu. A terceira ocorrência foi no Maranhão. O piloto, único ocupante da aeronave, morreu.

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