A taxa de incidência da Covid-19 por 100 mil habitantes continua a subir em Belo Horizonte e, em Minas Gerais, o número de casos em acompanhamento aumentou 48,5% em um mês e passou de 63,3 mil para 94 mil pacientes. O tempo frio que se abateu sobre o Estado e a capital nesta semana, a um mês do início do inverno, pode potencializar o aumento de casos e exige o reforço de medidas de prevenção, como uso de álcool em gel e utilização de máscara em ambientes fechados, defendem os infectologistas Carlos Starling e Unaí Tupinambás, membro do extinto comitê de enfrentamento à pandemia da Prefeitura de BH (PBH). 

“O frio pode potencializar o aumento de casos de Covid assim como de Influenza, vírus sincicial respiratório e outros vírus que poder ser transmitidos por via aérea. A desobrigação do uso de máscara e o fato de as pessoas ficarem mais próximas umas das outras em ambientes fechados também favorece a transmissão viral”, diz. O médico explica que o ar seco provoca o ressecamento das vias aéreas, diminuindo a quantidade de secreção com anticorpos no corpo, o que pode facilitar a infecção. 

A Covid-19 ainda não é considerada oficialmente uma endemia — quando pode-se prever os períodos do ano em que a doença mais ataca — e já causou ondas de infecções tanto em períodos mais quentes quanto em períodos frios no Brasil, já que nunca deixou de circular intensamente entre a população. Com a ascensão de sublinhagens da ômicron ao redor do mundo, cientistas tentam compreender em quanto tempo pode-se esperar novas ondas da doença e uma das hipóteses é de que elas surjam a cada seis meses, sem necessariamente levarem ao volume de casos graves anterior à vacinação.  

Infectologistas defendem máscara em locais fechados, mesmo sem obrigatoriedade

O médico Carlos Starling reforça que, a despeito de decisões municipais, a população procure utilizar máscara em locais fechados. A PBH já admitiu que pode voltar a exigir o uso de máscara nesses ambientes, porém, por enquanto, ele continua opcional. O infectologista Unaí Tupinambás pontua que já é o momento de aderir novamente ao item de segurança.  

“A forma mais fácil de transmissão do vírus é por via aérea. Por isso, em ambiente fechado, as gotículas ficam suspensas e a pessoa entra em contato com o vírus com mais facilidade. Falamos, desde o início desse processo todo, que deveríamos manter a máscara em local fechado nesse período de outono e inverno”, conclui.