O despejo de lixo nos rios fluminenses pela população representa hoje um dos maiores problemas de poluição da Baía de Guanabara. A avaliação é do professor do Departamento de Oceanografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) David Zee, especialista em ecossistemas urbano-costeiros.
Segundo Zee, o problema resulta de dois fatores principais: a falta de conscientização da população e a escassez de instrumentos que permitam aos moradores de comunidades próximas aos rios, lagoas e canais que deságuam na baía preservar os recursos hídricos. As indústrias instaladas às margens da baía e do sistema que a abastece, responsáveis pelo lançamento de detritos por muitos anos, já estão em sua maioria adequadas às legislações ambientais.
A Baía de Guanabara é alvo de um programa de despoluição implementado pelo governo do estado, em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o governo japonês, em 1995. Com prazo inicial previsto para cinco anos, até hoje ele não foi concluído.
Segundo dados da Secretaria de Estado do Ambiente, no ano passado foram retirados aproximadamente 2 milhões de metros cúbicos de resíduos das lagoas, rios e canais do estado. Entre o material recolhido havia pneus, móveis e até carrocerias de automóveis. A secretária da pasta, Marilene Ramos, também atribuiu o problema, em grande medida, à falta de conscientização da população e à necessidade de intensificação, por parte das prefeituras, dos trabalhos de coleta de lixo.
A prefeitura de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, um dos principais municípios banhados por rios que deságuam na Baía de Guanabara, informou que ainda não conta com o serviço de coleta seletiva do lixo, mas que está desenvolvendo um projeto nesse sentido, ainda sem data para ser lançado.