Distrito Federal

Estudante picado por naja suspeito de tráfico de animais é multado em R$ 61 mil

Repercussão do caso gerou onda de devolução e denúncia de animais em situação irregular no Distrito Federal; até tubarões foram encontrados

Por Lucas Negrisoli
Publicado em 16 de julho de 2020 | 20:37
 
 
 
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A Polícia Civil do Distrito Federal deflagrou nesta quinta-feira (16) a segunda fase da Operação Snake, que investiga suspeita de tráfico de animais exóticos e prática de crimes ambientais em Brasília, cometidos por um estudante de veterinária que foi picado por uma cobra Naja na última semana e ficou em coma. Foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão na cidade.

De acordo com a instituição, diversos documentos, aparelhos celulares, medicamentos de uso veterinários, uma serpente e “vários apetrechos empregados na criação ilegal de animais silvestres e exóticos”. A operação ocorreu em dois endereços ligados ao suspeito, nas regiões do Gama e Riacho Fundo. 

Segundo informou o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o jovem foi multado em R$ 61 mil por maus-tratos e “manter serpentes nativas e exóticas em cativeiro sem autorização”. Após denúncias que também envolvem o estudante, a Polícia Militar do DF encontrou outras 16 serpentes em um haras. O dono do local será multado em R$ 68 mil. 

Dos animais encontrados, dez eram exóticos, de origem norte-americana, e seis nativas da Amazônia e do cerrado brasileiro. Algumas das cobras apresentavam sinais de maus-tratos, afirma o órgão ambiental. 

A mãe e o padrasto do estudante, que é policial militar, também serão multados, em R$ 8500 cada, por dificultarem a ação de resgate dos animais. “Ainda será multado pelo Ibama um amigo do estudante, em R$ 81.300, por dificultar a ação do instituto, manter animais nativos e exóticos em locais inapropriados e sem autorização, além de maus-tratos”, informa o Ibama.

Questionada sobre o envolvimento do agente no crime, a Polícia Militar do DF informou que “até o momento não há investigação interna sobre o caso, uma vez que os fatos indicam que o suposto crime tenha sido cometido pelo enteado de um policial militar”. A corporação reforça que as apurações estão “a cargo da Polícia Civil”, em nota.  

Caso gerou “onda” de devolução de animais exóticos

De acordo com o Ibama, a repercussão do caso desencadeou uma onda de devolução e denúncias que envolvem criação clandestina de animais no DF. O órgão resgatou 32 serpentes desde o último 8 de julho e foram encontrados, a partir de operação integrada com as polícias locais, até tubarões e lagartos.

Os animais marinhos foram achados na região de Vicente Pires, junto a seis serpentes. A casa, segundo o órgão abrigava três tubarões-bambu e um peixe da espécie moreia. O dono do local foi multado em R$ 12 mil por maus-tratos e em R$ 29,6 mil por manter animais sem autorização. 

Animais não serão abatidos, afirma Ibama

Os animais resgatados nas operações nesta semana foram encaminhados ao Zoológico de Brasília, passaram por exames clínicos e, segundo o Ibama, “estão sob quarentena”. 

“Enquanto isso, o Ibama fará consulta a instituições habilitadas para verificar o interesse em recebê-los, a exemplo do Instituto Butantan (SP). Caso algum Zoológico que tenha serpentário queira a guarda das cobras, pode entrar em contato com o Ibama”, diz o órgão em nota. O instituto reforça que “não tem a intenção de sacrificar os animais”.

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