Em mais um desdobramento do caso de divórcio e acusação de violência doméstica, o empresário Alexandre Correa, ex-marido da apresentadora de TV Ana Hickmann, a acusa — sem apresentar provas publicamente — de ter mitomania. Ou seja, compulsão por mentir.
Também identificado por outros nomes na psiquiatria, como pseudologia fantástica, o transtorno psicológico vai além da invenção de mentiras frequentes. Por si só, mentir é uma habilidade evolutiva da espécie humana, a fim de se preservar. Mas o hábito se torna um transtorno quando passa a ser uma tentativa de forjar uma realidade.
“A pessoa tenta criar outra realidade, uma que seja mais feliz, que seja mais adequada, em que ela se sinta mais encaixada. Outras vezes, cria uma história triste, difícil, dolorosa, para que a outra dê atenção a ela, goste dela. O propósito é sempre um mapeamento da realidade, uma transformação dela”, descreve o doutor em psicologia social e professor da Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Claudio Paixão.
Na mitomania, as histórias inventadas costumam ter uma âncora na realidade, com alguns aspectos reais, e as mentiras são sustentadas por muito tempo. É diferente de um delírio, pois o mitomaníaco pode reconhecer a falsidade do que conta se for confrontado com fatos.
O transtorno tem tratamento, explica Paixão: “ele envolve descobrir a causa desse processo e psicoterapia. É preciso encontrar, no íntimo do paciente, os gatilhos, as chaves que o levam a estabelecer essa rotina de mentiras”. A partir daí, inicia-se um trabalho gradual de tentativa de mudança de hábito.
A assessoria de imprensa de Ana Hickmann, em contrapartida a Alexandre Correa, o acusa de “violentar psicologicamente” a ex-esposa. "Ele inventa mentiras sobre saúde mental e alcoolismo para descredibilizá-la e tenta invalidar todos os fatos que ela vem dissertando à Justiça com um único objetivo: proteger a si mesma e ao filho", diz, em nota.