Nesta quinta-feira, Minas Gerais voltou ao radar de suspeitas de contaminação por coronavírus, que somam nove no país: uma mulher de 49 anos está internada em um hospital particular da capital com sintomas, após retornar de uma viagem a Xangai, na China, no último sábado.
Na quarta-feira (5), a jovem de 22 anos que estava internada no Hospital Eduardo de Menezes desde o dia 27 de janeiro, vinda do epicentro da epidemia, a cidade de Wuhan, recebeu alta. Ela passou nove dias na instituição e foi liberada sob confirmação de que não teria sido contaminada.
No entanto, um familiar próximo a ela que pediu anonimato contou à reportagem ter sido informado, num primeiro momento, que o diagnóstico era positivo para o vírus.
Ele afirma que, na última sexta-feira, a família primeiro recebeu a notícia, no hospital, de que o caso da jovem estava relacionado ao coronavírus. Mais tarde, no mesmo dia, foram apresentados os resultados de exames realizados pela Fiocruz.
Os laudos informavam resultado negativo, o que foi oficializado pelo Ministério da Saúde. Antes, a Fundação Ezequiel Dias, em BH, havia feito exames para detectar – e descartou – outros nove vírus diferentes.
Para esse familiar, porém, permanece a dúvida: “Para mim, ela teve o coronavírus e estão abafando por causa do Carnaval”, especula. Segundo ele, no mesmo dia, veículos de comunicação o procuraram dizendo ter fontes que confirmavam um resultado positivo. A própria paciente foi contatada pela reportagem e informada da suspeita, mas visualizou as mensagens enviadas sem responder. Outros parentes comentam que o núcleo familiar não tem dado detalhes sobre o caso.
Oficialmente, ele foi informado depois de que se tratou de uma contaminação por picobirnavírus – outro gênero de vírus que pode causar doenças respiratórias. O Ministério da Saúde confirmou.
A médica Virgínia Andrade, diretora do Hospital Eduardo de Menezes, negou o resultado positivo para coronavírus e que o contrário tenha sido comunicado à família. “Pode ter sido um mal-entendido. O que foi dito à família é que não teríamos acesso ao laudo antes da coletiva de imprensa (do Ministério da Saúde)”, disse.
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais e o Ministério da Saúde reforçaram que os resultados da Fiocruz foram negativos.
A possibilidade de um resultado “falso positivo” é remota, conforme explicou o infectologista Adelino de Melo, diretor do Hospital Felício Rocho: “O exame para detectar o coronavírus procura uma sequência específica do vírus (na amostra), então a chance de o resultado se equivocar é baixa”.
A Fiocruz ressalta que, se tivesse indício que os resultados não estivessem precisos, sequer haveria comunicado o Ministério da Saúde sobre eles antes de refazê-los com certeza.
Ida e volta
O oftalmologista chinês Li Wenliang, 34, morreu nesta quinta-feira (6), vítima do coronavírus. Ele alertou colegas sobre o surto em dezembro – sendo acusado pelo governo chinês de espalhar desinformação.
O “Global Times” foi o primeiro a noticiar a morte voltando atrás depois, por orientação do governo. O Estado reconheceu o óbito.
Balanço
Nesta quinta-feira, as mortes subiram para 630 na China
Resgate de brasileiros
A operação de resgate dos brasileiros isolados em Wuhan atrasou. De acordo com o Ministério da Defesa, as aeronaves enviadas pelo governo chegaram a Varsóvia, na Polônia, a penúltima escala prevista, mas não têm previsão de quando poderão cruzar o espaço aéreo chinês para pousar na China, devido ao aumento do tráfego movimentado por missões de resgate internacionais.
O ministério adiou a previsão de pouso na China para a noite desta sexta-feira (7) – inicialmente, seria na madrugada desta sexta. O pouso na Base Aérea de Anápolis (GO) dos 34 passageiros estava programado para a manhã deste sábado (8), mas o ministério ainda não informou qual a nova data da chegada dos cidadãos que vão seguir para os 18 dias de quarentena. (Com agências)