Os casos de dengue aumentaram sete vezes no Brasil entre 2018 e 2019. Em Minas Gerais, o crescimento foi quase três vezes maior do que no país: chegou a cerca de 20 vezes, ou 1.923%. É o que aponta levantamento divulgado ontem pelo Ministério da Saúde.
A pasta anunciou o adiantamento da campanha de prevenção contra o mosquito Aedes aegypti, que transmite a dengue, para os próximos dias.
O ministério antecipou em dois meses a campanha devido ao aumento de casos. As ocorrências costumam cair no inverno, mas continuaram a ser registradas mesmo durante o período neste ano.
Entre o fim de junho, que marca o começo do inverno, e a primeira semana de setembro em 2018, o crescimento de casos em Minas tinha sido de cerca de 4,2%. Já em 2019, foi de aproximadamente 12,1% em um período similar.
Houve quase 300 casos por dia entre os dias 12 e 27 de agosto, segundo boletins da Secretaria de Saúde do Estado de Minas Gerais (SES-MG).
Os dados do ministério correspondem ao período de 30 de dezembro a 24 de agosto e são comparados com os do mesmo intervalo do ano anterior – quando, em Minas, houve 23.290 confirmações.
Com a marca de 471.165 ocorrências (entre casos notificados e confirmados) nesse período, Minas é o Estado com mais registros de dengue no país e responde a 47% dos casos na região Sudeste. Junto com São Paulo, os dois Estados acumularam 91% dos registros da região.
Os números mais recentes da SES-MG consideram o período até 6 de setembro e indicam 474.693 casos – ou seja, em aproximadamente duas semanas desde o levantamento nacional, mais de 3.500 pessoas foram infectadas.
Nesse período, foram confirmadas sete mortes no Estado em decorrência da doença – que neste ano chegaram a 132, conforme último boletim, de setembro.
Reação do Estado
Em nota, a SES-MG apontou três potenciais fatores para o aumento. Em primeiro lugar, diz considerar que a população dos mosquitos cresceu devido a condições climáticas que favorecem o ciclo de reprodução do vetor (inverno mais quente).
Também indicou o alto número de pessoas suscetíveis à doença e ressaltou que a predominância do tipo de vírus da dengue tem mudado.
Até então, o mais comum era o tipo 1, mas agora é o tipo 2. “Se fosse o mesmo vírus de antes, talvez não houvesse tantos casos. É um processo cíclico”, explica o infectologista Antônio Toledo Júnior.
Na epidemia de 2016, predominou o tipo 1, tornando a população infectada imune a ele, mas ainda vulnerável aos demais.
A secretaria afirmou que o Estado segue em alerta quanto ao aumento. “Assim que uma epidemia acaba, é necessário pensar na próxima, e daqui a pouco começa a chover”, ressalta Toledo Júnior.
Família com dengue
No Brasil, foram registrados 690,4 casos de dengue para cada 100 mil habitantes. Em Minas, a taxa foi de 2.200 a cada 100 mil.
Em Belo Horizonte, os cinco integrantes de uma mesma família do bairro Concórdia, na região Nordeste, tiveram a doença ao mesmo tempo.
“Fui a que levou mais tempo para melhorar. Ficava levando o marido e os filhos ao hospital”, conta a costureira Rosane de Jesus, 40. (Com agências)