Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga voltou a defender possível fim da obrigatoriedade de uso de máscaras em público no Brasil em discurso proferido na inauguração da Unidade Básica de Saúde (UBS) Paranoá, em Brasília, nesta quarta-feira (11). O chefe da pasta argumentou que, ainda em 2021, o caráter pandêmico da Covid-19 acabará no Brasil. “[A população] vai poder tirar de uma vez por todas essas máscaras”, clamou. Medida vai contra o consenso científico e experiências no exterior, como a dos Estados Unidos, que precisaram recuar da medida.
"Garanto a vocês, em nome do Bolsonaro, até o final do ano toda a população brasileira estará vacinada. Até o final do ano, poremos fim ao caráter pandêmico dessa doença no Brasil e vamos poder tirar de uma vez por todas essas máscaras, e desmascarar aqueles que, mesmo que nunca tenham usados máscaras, precisam ser desmascarados”, cravou Queiroga.
A declaração ocorre cerca de dois meses depois de o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ter pedido um parecer ao ministro para analisar a não utilização de máscaras por pessoas que receberam vacinas contra Covid-19. À época, Queiroga havia confirmado o pedido, mas disse que ainda estava em análise.
Mesmo pessoas que completaram o esquema vacinal contra a doença – em duas doses ou dose única – podem transmitir o coronavírus. A preocupação é ainda mais latente com a expansão da variante Delta que, conforme documentos do Centro de Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, pode ser tão transmissível quanto a catapora ou o ebola. Estudos sugerem que mesmo quem está imunizado pode transmitir o vírus em patamares parecidos àqueles que não receberam vacinas.
Em relação à campanha de imunização, Queiroga voltou a prometer que toda a população adulta do Brasil, atual público-alvo da vacinação, receberá doses de imunizantes até o fim deste ano. "Nós estamos próximos de distribuir mais de 200 milhões de doses de vacina para a nossa população. E isso destrói por completo essa narrativa de que o Ministério da Saúde não entrega doses de vacina à população brasileira", alegou.
Até a noite dessa terça-feira (10), 22,15% do público-alvo da vacinação contra Covid-19 havia sido contemplado com duas doses ou dose única no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde. O percentual de quem recebeu a primeira aplicação era de 51,57%. Os números diferem daqueles anunciados pelo chefe da pasta no discurso. Queiroga declarou que “mais de 70% da população acima de 18 anos” recebeu as primeiras doses e, “mais de 30%”, duas doses ou dose única.