Maranhão

Navio de minério que pode afundar no Nordeste tem 4 mil toneladas de óleo

Volume é o equivalente às cerca de cinco mil toneladas de resíduos oleosos encontrados nas praias brasileiras em 2019, na qual sua origem ainda não foi identificada

Por Gabriel Moraes
Publicado em 27 de fevereiro de 2020 | 22:00
 
 
 
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O navio que carrega minério de ferro da Vale e que está encalhado na costa brasileira desde a última segunda-feira (24) tem quatro mil toneladas de óleo combustível, segundo o Instituto Nacional de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Esse volume é o equivalente às cerca de cinco mil toneladas de resíduos oleosos (óleo misturado a areia e água) recolhidas nas praias do Nordeste e Sudeste em 2019, na qual sua origem ainda não foi identificada pelas autoridades.

Entretanto, uma inspeção realizada na tarde desta quinta-feira (27) não apontou indícios de vazamento de poluentes no mar. O Ibama encaminhou um avião especializado em detecção de derramamento de óleo para a região.

Segundo o coordenador de Atendimento a Acidentes Tecnológicos e Naturais do Ibama, Marcelo Amorim, inspeção visual não identificou manchas do combustível perto do navio. Devido ao clima, porém, não foi possível usar os sensores da aeronave.

A mineradora Vale informou à Folha de S. Paulo que a embarcação Stellar Banner carrega 294,8 mil toneladas de minério de ferro. Ela mede 340 metros de comprimento, o equivalente a três campos de futebol, e tem 55 metros de largura.

Seu tamanho é um dos fatores que aumenta o risco de vazamento, já que a distribuição irregular do peso da carga ou a força das ondas pode provocar a ruptura do casco.

Nesta quinta-feira, quatro rebocadores prestavam apoio no local. Um deles ajudava a manter o navio na posição em que se encontra.
Ainda não há prazo para o início da operação de retirada do óleo, que geralmente é feita com o apoio de barcaças, que recebem o produto dos tanques dos navios.

A Vale disse que pediu à Petrobras embarcações recolhedoras de óleo no mar e está contratando barreiras de contenção para o caso de vazamento.

O Ibama sobrevoou a área por volta das 16h desta quinta-feira. A equipe sobrevoou também praias que poderiam ser atingidas por eventual vazamento, de acordo com simulações de maré, e também não encontraram sinais de poluição por óleo. Um novo sobrevoo será feito nesta sexta-feira (28).

Entenda

O navio MV Stellar Banner saiu do Terminal Marítimo de Ponta da Madeira, em São Luís, no Maranhão, com destino a Qingdao, na província de Shandong, na China, com previsão de chegada em 5 de abril.

A embarcação, construída em 2016, é de propriedade e operada pela empresa sul-coreana Polaris. Segundo ela, o navio "entrou em contato com algo não identificado no fundo do mar", o que levou a danos em tanques de água e espaços vazios em seu casco.

A Marinha instaurou um inquérito administrativo para apurar causas, circunstâncias e responsabilidades do incidente.

Em 2017, um navio de sua frota, Stellar Daisy, afundou na costa uruguaia quando levava 260 mil toneladas de minério da Vale para a China. Apenas dois dos 24 tripulantes foram encontrados. Eles haviam escapado em um bote salva vidas.

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