Antes de deixar o cargo, a ex-procuradora geral da República, Raquel Dodge, apresentou denúncia ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) na qual conclui que o político Domingos Brazão “arquitetou o homicídio da vereadora Marielle Franco e, visando manter-se impune, esquematizou a difusão de notícia falsa sobre os responsáveis pelo homicídio”. As informações são do UOL.
De acordo com apuração do portal, essa seria a primeira declaração taxativa de uma autoridade sobre o mandante do atentado da vereadora e de seu motorista, Anderson Gomes, em 14 de março do ano passado.
Dodge acusou Brazão e outras quatro pessoas por participação em suposto esquema de obstrução da investigação do atentado.
“Fazia parte da estratégia que alguém prestasse falso testemunho sobre a autoria do crime e a notícia falsa chegasse à Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, desviando o curso da investigação em andamento e afastando a linha investigativa que pudesse identificá-lo como mentor intelectual dos crimes de homicídio”, lê-se na denúncia obtida com exclusividade pelo UOL.
Um outro pedido feito também ao STJ, Dodge pediu a federalização das investigações. Brazão, que não havia se pronunciado até o fechamento desta edição, sempre negou envolvimento no caso. A Polícia Civil do Rio apura uma possível participação do ex-deputado e conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Rio no atentado. Brazão era filiado ao MDB antes de assumir o cargo em 2015.
Em entrevista ao portal, o chefe do Departamento Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa (DGHPP), delegado Antônio Ricardo Nunes, negou que Brazão seja formalmente suspeito no âmbito do inquérito, mas a reportagem verificou que ele “está no cerne das investigações” da Polícia Civil e do MP do Rio (Ministério Público do Rio) que, neste momento, apuram a motivação e os mandantes do crime. “Essa é uma linha de investigação que nós seguiremos também”, resumiu o delegado sobre Brazão.
Polícia Civil do Rio interroga dois deputados
Na última quinta-feira, os ex-deputados estaduais do Rio de Janeiro Paulo Melo e Edson Albertassi, ambos do MDB e presos sob acusação de corrupção, foram conduzidos à Delegacia de Homicídios da Capital para depor como testemunhas no inquérito que investiga as mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, assassinados em março de 2018, no centro do Rio de Janeiro.
A expectativa da polícia, que conduz investigação independente daquela aberta pela Procuradoria Geral da República na gestão de Raquel Dodge, é de que os ex-deputados ajudem a esclarecer o suposto envolvimento de Domingos Brazão no crime. Também na quinta-feira, o ministro da Justiça, Sérgio Moro, disse que o governo federal e, mais especificamente, o seu ministério têm todo o interesse de elucidar o assassinado da vereadora e de Anderson. Mas, de acordo com Moro, a investigação não está na jurisdição do governo federal.