Policiais militares usaram spray de pimenta contra um grupo que tentava socorrer uma jovem que havia desmaiado durante o protesto do Movimento Passe Livre (MPL). Ela foi encontrada desacordada no Viaduto do Chá, após a PM lançar bombas de gás e efeito moral para dispersar os manifestantes.
O grupo tentava retirar a mulher da área onde ocorria o confronto, passando por um cordão policial, quando foi impedido pelos PMs. A reportagem presenciou a cena, que ocorreu na praça do Patriarca, centro.
A jovem, que não foi identificada, foi vista pela reportagem logo após a dispersão dos manifestantes que fugiram das bombas de gás lançadas pela PM no viaduto do Chá. No chão, com uma câmera fotográfica nas mãos, ela aparentava ter dificuldades para respirar. A reportagem comunicou uma policial que atuava no protesto, mas nada foi feito.
Em seguida, dois ativistas a pegaram no colo e correram, junto com manifestantes e jornalistas, em direção a PMs que faziam um cordão de isolamento na praça do Patriarca. Eles não permitiram que os jovens passassem com a moça e, após uma discussão, dispararam o spray no rosto de manifestantes e jornalistas, atingindo também a jovem desmaiada.
Em seguida, um policial que desceu de um viatura empunhando uma arma com balas de borracha apontadas para os manifestantes, ordenava que as pessoas saíssem do local.
O músico Vinicius Duarte, 27, afirmou que carregava a moça quando policiais usaram spray de pimenta. "Atingiram a pessoa desacordada", disse. André Souza, 24, professor, confirma a versão de Duarte. "Jogaram gás na gente e derrubamos a moça no chão".
"Nem a Secretaria de Segurança Pública nem a PM tem conhecimento destes fatos. Se eles forem apresentados, serão analisados pela secretaria", diz nota do governo estadual sobre o caso.
O major da PM Victor Fedrizzi afirmou que os policiais que a passagem foi negada porque é preciso. "Em alguns momentos tem que isolar alguns locais. Se houve algum abuso, os manifestantes têm o direito de denunciar."
Confusão
O protesto contra o aumento das tarifas de ônibus, metrô e trem realizado na região central de São Paulo, na noite desta sexta-feira (16), terminou com correria, bombas de gás e ao menos três agências bancárias depredadas.
O major Victor Fedrizzi, da PM, afirmou no local que oito pessoas foram detidas e encaminhadas ao 78º DP (Jardins). A corporação, no entanto, afirmou que ainda não tinha um número fechado por volta das 23h.
O ato começou por volta das 18h na praça do Ciclista, na avenida Paulista. O grupo de cerca de 3.000 pessoas, segundo estimativa da polícia, seguiu em passeata até a prefeitura. O MPL (Movimento Passe Livre), que organizou o ato, estima que o total de manifestantes tenha chegado a 20 mil.
No percurso, houve um momento de correria, na altura do cemitério da Consolação, mas sem pessoas feridas ou detidas. Em seguida, o ato prosseguiu até a frente da prefeitura, onde houve nova confusão.
Segundo a PM, manifestantes jogaram fogos de artifício contra os policiais e pedras em carros da corporação. Com isso, a PM atirou bombas de gás e gás de pimenta contra os manifestantes. Algumas pessoas passaram mal.