A saída mais apontada para tirar o Brasil da crise é aumentar os impostos dos ricos, grandes empresários e banqueiros. Uma em cada cinco pessoas ouvidas pela pesquisa do Grupo Mercadológica para O TEMPO indicou esta como a principal alternativa, apontada como a melhor por 21,2% das 600 pessoas entrevistadas em Minas Gerais. Para o estudante de engenharia Washington Meireles Oliveira Machado, 22, apesar de difícil, seria, sem dúvida, a melhor solução. “Mas parece que existe um tipo de ‘cartel’ para beneficiá-los (os mais ricos). Eles conseguem burlar o pagamento de impostos. Assim, quem acaba pagando mais impostos é a classe média, e também os mais pobres”, ressalta o estudante.
De acordo com o presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), João Eloi Olenike, a carga tributária do país é alta, mas o maior problema é o modelo, que é desigual e acaba fazendo o pobre pagar, proporcionalmente, muito mais que o rico. “Hoje, 70% do total de impostos arrecadados incide sobre o consumo, 25% sobre a renda, e só 5% sobre o patrimônio. No posto de combustível, o dono de um carro velho paga exatamente a mesma alíquota que o dono de uma BMW, então, o peso sobre a renda do mais pobre é maior”, compara.
Segundo Olenike, para melhorar as contas, o governo deveria fazer uma reforma tributária, reduzindo a incidência sobre o consumo. “Tinha que aumentar a fatia de impostos sobre patrimônio. Outra alternativa seria corrigir a tabela do Imposto de Renda. Hoje, a maior alíquota é de 27,5%. Mas quem ganha R$ 10 mil ou R$ 150 mil paga a mesma alíquota. Seria mais equilibrado se houvessem mais faixas de renda”, pontua Olenike, lembrando que, embora um imposto sobre grandes fortunas esteja previsto na Constituição, nunca foi regulamentado.
Há sete anos, o IBPT calcula o Índice de Retorno de Bem-Estar à Sociedade (Irbes) para medir o retorno da carga tributária. “Desde que começamos a fazer esse levantamento com os países com as 30 maiores cargas tributárias, o Brasil é o último colocado. Em alguns, as pessoas pagam mais de 50% de imposto, mas recebem o retorno. Mais importante que o peso dos tributos (que no Brasil é de 34% do PIB) é como o dinheiro é investido na sociedade”, afirma.
Depois da sugestão de aumentar a tributação sobre as pessoas mais ricas, a solução mais citada pelos entrevistados da pesquisa da Mercadológica foi permitir mais investimentos estrangeiros, seguido por parar de roubar (os políticos) e privatizar empresas. Entre as sugestões, também apareceram cortar programas sociais e vender patrimônio, como o pré-sal. Para o aposentado Geraldo Leonardo Perez, cobrar mais impostos de quem ganha mais seria um bom caminho, mas não o mais importante. “Para o país sair da crise é necessário acabar com a corrupção. Cortar programas sociais e privatizar empresas não são boas alternativas”, ressalta.
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