A Polícia Civil investiga um decorador suspeito de sumir às vésperas das festas para as quais foi contratado em Belo Horizonte e cidades da região metropolitana. Uma noiva alega que teve um prejuízo de quase R$ 40 mil, além de ter descoberto, cerca de um mês antes do casamento, que nada estava organizado para a festa dela. Fornecedores também se dizem vítimas do crime de estelionato.
A noiva Andressa Ferreira, de 35 anos, conheceu os trabalhos do decorador a partir de uma festa de uma conhecida. Ela fechou contrato no fim do ano passado para a decoração da festa, que será em dezembro deste ano. Mas em setembro começou a desconfiar ao ver comentários sobre supostos golpes aplicados e pela forma como os custos eram apresentados.
“Minha decoração estava muito vaga. Ele sempre me pedia para fazer o PIX, e eu não sabia como estava. Solicitei um projeto 3D, ele me cobrou, passou o prazo e nada”, conta. Ela disse que cobrou explicações, mas não obteve respostas. Com isso, decidiu publicar um vídeo nas redes sociais para verificar se mais pessoas haviam tido problemas com ele. “Recebi uma chuva de mensagens”, relata. Em seguida, criou um grupo com quase 30 pessoas que se dizem vítimas.
A empresária do setor de eventos Bruna Rios é uma das pessoas que viu o vídeo publicado por Andressa. Ela teve problemas com duas festas realizadas em julho: uma pessoal, para o filho de 4 anos, e outra da empresa da qual é proprietária. Ela havia fechado com ele o serviço de decoração para um cliente, contudo, segundo ela, nada saiu como o combinado.
“Passei o aniversário desesperada, procurando fornecedores para meu cliente porque não podia comprometer a credibilidade da minha empresa, que já havia pago R$ 18 mil para ele. Tive que recontratar todos os fornecedores, e ele sumiu do mapa. O aniversário do meu filho, orçado em R$ 16 mil, foi superfaturado e ficou em R$ 38 mil”, conta.
Além dos contratantes, fornecedores também alegam ter sofrido prejuízos com o decorador. Mariany Tamara, de 34 anos, trabalha com design de balões e foi procurada pelo próprio suspeito para realizar um trabalho em uma festa infantil organizada por ele em Betim, na Grande BH. No entanto, o valor do serviço, R$ 1.500, nunca foi pago.
“Executei o serviço, fiz a entrega, e ele disse que no meio do caminho faria o pagamento. Mas sumiu. Nunca mais mesmo. Levei uma colaboradora fixa que tenho comigo, fizemos uma força-tarefa para o trabalho e nunca fui paga”, desabafa. Ela diz que, na mesma festa, outra fornecedora também sofreu calote.
“O valor eu já entreguei para Deus. Minha expectativa é que ele não engane mais pessoas que trabalham com eventos, porque, do mesmo jeito que ele fez comigo, ele faz com mais pessoas. É o mesmo modus operandi”, ressalta.
Fui vítima de golpe. O que fazer?
A Polícia Civil reforça que as investigações sobre o crime de estelionato estão condicionadas “à representação das vítimas para a instauração de inquérito policial”. A instituição orienta que “todo cidadão lesado procure a delegacia mais próxima” para apresentar a queixa criminal.
O outro lado
A reportagem tentou contato por telefone e por e-mail com o decorador, mas não obteve retorno. O espaço permanece aberto para que ele se posicione sobre as queixas apresentadas pelos contratantes.