‘Coração está partido’, diz pai de baleada e amigo de aniversariante morto em chacina na Grande BH

“Coração está partido”. O sentimento é descrito pelo pai de uma das vítimas da chacina que deixou três mortos durante uma festa de aniversário infantil em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte, nessa quinta-feira (23 de maio). Outras três pessoas ficaram feridas, entre elas uma adolescente, de 13 anos, filha do homem, que terá a identidade preservada.

Para ele, a sexta-feira (24 de maio) é marcada por um misto de sentimentos: o alívio pela filha, de 13 anos, que recebeu alta após também ser baleada durante chacina, e também a tristeza pela morte de Heitor Felipe, de 9, de quem ele diz ser próximo. "Era uma amizade sincera. Eu era tipo um pai e avô para ele. A gente levava ele ao treino. O coração está partido", lamenta. 

O menino comemorava o aniversário no espaço de festas, quando foi morto. Ele era atleta de uma escolinha de futebol e sonhava em se tornar um jogador de futebol. Segundo o amigo da família, o menino tinha o desejo de ajudar a família a sair da região do Morro Alto, em Vespasiano, onde residiam. "Ele sonhava em ser jogador, tirar a gente do morro. Ele treinava demais, era estudioso. Não tinha como ter raiva daquele moleque. Vamos sentir saudades dele", conta.

O homem também lamentou a morte da prima de Heitor, Layza Manuelly de Oliveira, de 11, com quem ele também tinha amizade. "A mãe do Heitor a pegou para criar, e ela criou amizade com a gente também. Extrovertida demais, sem palavras para descrevê-la", afirma.

Homem saiu antes de chacina 

Pai da adolescente de 13 anos que foi baleada de raspão no tiroteio, o homem contou que chegou a ir à festa onde ocorreu a chacina, mas foi embora por volta das 17h30, enquanto a filha mais nova permaneceu. Ele relembra os momentos de tensão quando foi informado que a filha estava entre os feridos. "Ela me ligou, disse que estava baleada, que alguém tinha dado tiros no estabelecimento. Eu não aguentava nem sair do chão, minhas pernas começaram a tremer. Minha esposa não foi baleada, mas ficou muito arrasada, desmaiou", conta. 

O homem agradece o livramento dado à filha. "Deus deu o livramento. Agora, vida que segue. Só ele sabe o que fazer", resume. 

Motivação do crime

Segundo a Polícia Militar, a principal linha de investigação é que a chacina foi motivada pela guerra do tráfico na região do Morro Alto, em Vespasiano. O alvo dos disparos seria a vítima de 26 anos, pai do aniversariante, e que estaria envolvido com essa disputa. Ele também morreu no ataque após ser atingido por 12 disparos. 

Sobre o pai de Heitor, o homem ouvido por O TEMPO não quis entrar em detalhes. No entanto, ele admitiu que se preocupava com o suposto envolvimento do homem com o tráfico de drogas. "Sempre ficava com medo de acontecer o que aconteceu", confessa.

Crime

Familiares e amigos comemoravam o aniversário de Heitor Felipe, de 9 anos, em um espaço no bairro Areias, em Ribeirão das Neves, região metropolitana de Belo Horizonte. As comemorações tiveram início cedo, às 9h dessa quinta-feira (23), e se estenderam durante o dia. 

Por volta das 19h, no entanto, quando os convidados já estavam indo embora, dois homens armados invadiram o espaço e começaram a atirar. Três pessoas morreram e outras três ficaram feridas. As vítimas foram socorridas para a UPA Justinópolis e, depois, encaminhadas para o Hospital Risoleta Neves, em BH.  

Um dos suspeitos, de 23, teria sido ferido ainda no tiroteio, por engano, pelo próprio comparsa. Ele deu entrada na UPA JK, em Contagem, e foi preso. As buscas seguem para localizar o outro atirador e demais envolvidos no crime. Quem tiver informações sobre os suspeitos pode fazer denúncias anônimas pelo telefone 181