SEM CASACO

Entenda por que ainda não fez frio em Belo Horizonte em 2024

Mesmo em maio, capital mineira ainda não registrou quedas significativas na temperatura e vive onda de calor

Por Gabriel Rezende
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Quinta-feira, nove de maio, e o frio ainda não deu as caras em 2024 em Belo Horizonte. E nem há previsão para isso. Para os próximos dias, a previsão indica dias com céu aberto e temperaturas máximas próximas dos 30 °C, com mínimas na casa dos 16 °C. A média climatológica para o mês tem mínima de 16,6 °C e máxima de 25,7 °C, segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). A capital mineira, inclusive, está sob alerta de onda de calor.

Em maio, que, no Hemisfério Sul, está no outono — estação de transição entre o verão e o inverno — tem como característica a amplitude térmica: diferença entre as temperaturas máximas e mínimas. Ou seja, frio durante a noite e a madrugada, e temperaturas mais amenas durante a tarde. Este é, justamente, o cenário vivenciado neste momento em 2024, conforme explica o meteorologista Lizandro Gemiacki, do Inmet.

Essa diferença ocorre devido à ausência de nuvens. "A atmosfera fica muito seca e transparente. Então a radiação solar que chega durante o dia aquece rapidamente" impedindo que as temperaturas mais baixas da madrugada permaneçam", explica o meteorologista. Durante a noite, o oposto ocorre, com a queda da temperatura. "Perde a radiação rapidamente, porque não tem nuvem para segurar o calor", prossegue.

Extremos climáticos

Embora maio, historicamente, seja um mês de transição, com a possibilidade de ondas de frio, não há no horizonte previsão de queda nas temperaturas para a capital mineira. Pelo menos na primeira quinzena o cenário permanecerá o mesmo. No fim do mês, podem ocorrer mudanças, embora ainda seja prematuro assegurar. "Os modelos climáticos ainda não mostram nada", explica Lizandro.

O meteorologista explica que, com o aquecimento global, que promove mudanças climáticas, eventos extremos têm sido cada vez mais recorrentes, com ondas de frio e calor intensas. Com isso, "a climatologia para o mês — que consideramos como previsão, mas que é uma média dos últimos anos — perde o potencial de ser usada como referência. O que está predominando são os extremos climáticos", pontua.

Em maio de 2022, no dia 19, BH registrou, na estação Cercadinho, 4,4 °C, o dia mais frio da capital mineira desde o início da série histórica do Inmet, iniciada em 1961. Essa temperatura está, justamente, descrita nos extremos classificados por Lizandro.

Ondas de calor

Por outro lado, 2023 foi marcado por ondas intensas de calor. Foram pelo menos três na capital mineira, que registrou a maior temperatura da sua história: 38,6 °C em 25 de setembro. As altas temperaturas estavam relacionadas com o El Niño, fenômeno atmosférico e oceânico que provoca um aquecimento anormal e persistente das águas superficiais do Oceano Pacífico na linha do Equador.

O alerta de onda de calor em Belo Horizonte, divulgado pelo Inmet, teve início na segunda-feira (6 de maio) e segue até sábado (11). No período, conforme o instituto, as temperaturas devem ficar 5 °C acima do habitual para o período.

O El Niño, que impacta nas altas temperaturas deste início de ano, perde força de atuação durante o outono. Na primavera, o fenômeno oposto La Niña, que provoca a queda das temperaturas do oceano Pacífico Tropical, ganha força. Conforme Lizandro, com isso, a tendência é de um fim de ano, com temperaturas mais amenas do que em 2023.

"Coincidirá com a estação chuvosa, que tende a estar sobre efeito da La Niña", explica. Isso não altera o volume da chuva, mas, sim, a característica. "Deve ser mais contínua, mais longa, com dias mais nublados e temperatura mais baixa", completa.

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