Nos sete primeiros meses do ano, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) diagnosticou quinze morcegos com o vírus da raiva na capital mineira. O número é igual ao montante de diagnósticos registrados nos 12 meses do ano passado. Segundo especialistas, a situação acende um alerta, já que uma quantidade maior de animais transportando o vírus significa uma possibilidade mais elevada de exposição das pessoas à enfermidade, cuja letalidade é de aproximadamente 100%. Em março deste ano, após três casos de morcegos com raiva, a PBH chegou a fazer ações de bloqueio sanitário em duas regionais - Pampulha e Leste -, vacinando cachorros e gatos de porta em porta, para evitar a propagação do vírus.
“A raiva é uma doença grave, séria, que mata rapidamente. É sempre um alerta o fato de ter o vírus circulando. Os morcegos não necessariamente têm algum sintoma, mas transmitem a enfermidade para os seres humanos, em caso de mordedura ou se eles forem manipulados por alguém”, diz o infectologista Leandro Curi, lembrando que é preciso haver ações para evitar a propagação do vírus.
O também infectologista Carlos Starling ressalta que, observando a probabilidade, quanto mais animais infectados, maior é o risco de contaminação nos seres humanos. Conforme os dados da PBH, o vírus já está espalhado por diversos pontos da cidade. Neste ano, foram encontrados morcegos diagnosticados com raiva nas regiões Centro-Sul, Leste, Nordeste, Noroeste, Pampulha e Venda Nova.
“É preciso que os tutores de cachorros e gatos vacinem os animais contra a raiva. Além disso, é muito importante que as pessoas não tentem pegar os morcegos por conta própria e, sim, que entrem em contato com a Zoonoses. A raiva é uma doença letal, e é preciso tomar todos os cuidados”, afirma ele.
Curi lembra que, havendo um mínimo contato com morcego, é necessário buscar atendimento médico rapidamente. Além disso, se for mordido por um cachorro e gato, também é importante procurar atendimento profissional, caso não se saiba o histórico do animal.
“É preciso que todos saibam como a raiva é perigosa, sendo uma doença transmitida dos animais para os seres humanos. Há poucos casos de sobreviventes, e eles têm sequelas neurológicas gravíssimas”, afirma o infectologista Leandro Curi.
Cuidados
Em relação ao número de morcegos diagnosticados com raiva neste ano já ser igual ao que foi verificado em todo o ano passado, o diretor de Promoção à Saúde e Vigilância Epidemiológica da PBH, Paulo Roberto Corrêa, afirma que isso pode ser explicado pelo fato de a população estar mais consciente do que se fazer ao encontrar um morcego morto. “Como a sociedade fica mais sensível a isso, de procurar a Zoonoses ao detectar esse animal morto, testa-se mais animais. Importante que a população continue nos comunicando”, disse.
Em nota, a Prefeitura de Belo Horizonte afirmou que mantém a circulação do vírus da raiva sob vigilância contínua. “Os Agentes de Combate a Endemias (ACE) são responsáveis por repassar orientações para a população quanto às medidas de prevenção da doença. Também é realizada ação de bloqueio vacinal em animais domésticos (cães e gatos), quando há suspeita e confirmação de animal positivo para a doença”, diz.
A Prefeitura também lembra que oferta a vacina contra a raiva para cães e gatos nos locais e horários abaixo. “Cabe ressaltar que a vacina é aplicada em cães e gatos a partir de três meses de idade (gestantes ou não). Para ser vacinado os cães devem ser levados em guias e gatos dentro de caixas de transporte”, informa a PBH.
Onde vacinar cães e gatos contra a raiva
Barreiro
Centro de Esterilização de Cães e Gatos Barreiro (CECG-B)
Avenida Antônio Praça Piedade, 68 - Bonsucesso
Telefone: 3246-2044.
Horário de funcionamento: das 7h às 16h
Leste
Centro de Esterilização de Cães e Gatos Leste (CECG-L).
Rua Antônio Olinto, 969 - Esplanada
Telefone: 3277-9052.
Horário de funcionamento: das 7h às 16h
Noroeste
Centro de Esterilização de Cães e Gatos Noroeste (CECG-NO).
Rua Frei Luiz de Souza, 292 - João Pinheiro
Telefone: 3277-8448.
Horário de funcionamento: das 7h às 16h
Norte
Centro de Controle de Zoonoses (CCZ).
Rua Edna Quintel, 173 - São Bernardo
Telefone: 98447-2941 / 98372-1785 / 98449-2165 / 3277-7411 / 3277-7413
Horário de funcionamento: das 8h às 17h
Oeste
Centro de Esterilização de Cães e Gatos Oeste (CECG-O).
Rua Alexandre Siqueira, 375 - Salgado Filho.
Telefone: 3277-7576.
Horário de funcionamento: das 7h às 16h
Venda Nova
Centro de Esterilização de Cães e Gatos Venda Nova (CECG-VN)
R. Maria Luísa Lara, 120 - Mantiqueira
Telefone: 3277-5410
Horário de funcionamento: das 7h às 16h
Perguntas e respostas
O que é a raiva?
A raiva é uma doença infecciosa viral aguda grave, que acomete mamíferos, inclusive o ser humano. A enfermidade é caracterizada como uma encefalite progressiva e aguda com letalidade de aproximadamente 100%. É causada pelo Vírus do gênero Lyssavirus, da família Rabhdoviridae.
Sintomas
Depois do tempo de incubação, surgem os sinais e sintomas clínicos inespecíficos da raiva, que duram de 2 a 10 dias. O paciente apresenta:
- Mal-estar geral;
- Pequeno aumento de temperatura;
- Anorexia;
- Cefaleia;
- Náuseas;
- Dor de garganta;
- Entorpecimento;
- Irritabilidade;
- Inquietude;
- Sensação de angústia.
Complicações
A infecção progride, surgindo manifestações mais graves:
- Ansiedade e hiperexcitabilidade crescentes;
- Febre;
- Delírios;
- Espasmos musculares involuntários, generalizados, e/ou convulsões
Os espasmos evoluem para paralisia, levando a alterações cardiorrespiratórias, retenção urinária e obstipação intestinal. O paciente permanece consciente, com período de alucinações, até a instalação de quadro comatoso e a evolução para óbito.
Qual é o tratamento?
Quase sempre, a doença é fatal. Por isso, a melhor medida de prevenção é a vacinação. Se já houve a contaminação, pode-se usar um protocolo de tratamento baseado no uso de antivirais e indução de coma profundo, mas nem todos sobrevivem.
Fonte: Ministério da Saúde