Quem circula pela orla da Lagoa da Pampulha diariamente para fazer exercícios físicos ou ir ao trabalho não acredita que a água do cartão-postal da cidade esteja segura para prática de atividades náuticas, nem navegação, como atestou a Prefeitura de Belo Horizonte na última terça-feira (2). 
  
"Eu não tenho coragem de entrar. Tem dias que o cheiro é forte demais e é possível ver a sujeira que fica na água", avaliou o psicólogo Ruy Guilherme de Assis, de 45 anos.  
  
Um relatório apresentado pelo executivo municipal revela que a qualidade da água permite as práticas, ainda que por cinco meses (entre outubro de 2023 a março deste ano) a lagoa tenha ficado sem tratamento, por questões contratuais entre a PBH e a empresa responsável pelo serviço. 

Ângela Catha - Foto: Videopress Produtora

"Minha pergunta é se a PBH está preparada para cuidar da saúde de quem tiver contato com a água? Porque quem passa aqui percebe que não tem condição nenhuma de alguém entrar aí, e em qualquer esporte náutico há o contato da pele com a água", questionou a aposentada Angela Catah, de 56.  
  
Moradora da região há mais de 30 anos, ela afirma que a situação já esteve pior, mas ainda está longe de ser a ideal. 
  
"É muita sujeira sendo despejada aqui, fora a população que não tem cuidado e acaba jogando lixo na água", reclama. 

Esgoto desaguando na Lagoa da Pampulha - Foto: Videopress Produtora

A análise 
  
Segundo a prefeitura, o resultado recém-divulgado são de amostras coletadas em 3 de junho. "Todos os 27 parâmetros analisados obtiveram resultado positivo, especialmente no que diz respeito à presença de indicadores da existência de elementos patogênicos (que transmitem doenças)", ressalta a administração municipal. 
  
A prefeitura diz que todos os indicadores estão abaixo do limite da classe 3, atingindo o objetivo da PBH. Como define o Conselho Nacional de Meio Ambiente, a classe 3 permite a navegação e a prática de esportes de menor contato com a água, como velejar. "Com essa condição, o espelho d'água da Lagoa da Pampulha apresenta boa transparência, sem presença de floração de algas e maus odores", destaca a administração municipal. 
  
Vale ressaltar, contudo, que a pesca e a prática de esportes náuticos na Lagoa da Pampulha são proibidas pela lei municipal 1.523, de 4 de setembro de 1968.