Demora no atendimento, falta de profissionais e de insumos têm sido rotina no hospital Governador Israel Pinheiro, o Hospital do Ipsemg. Localizada na área hospitalar de Belo Horizonte, a unidade atende usuários de BH e região, mas o serviço é considerado precário. Uma das esperanças de melhoria na assistência médica são as obras na ala B da unidade, que devem ficar prontas em maio de 2026.
A previsão foi repassada à reportagem pelo diretor do Conselho doe Beneficiários do Ipsemg, Geraldo Henrique, após reunião na manhã desta quarta-feira (31) com a diretoria do hospital. O encontro teve como objetivo vistoriar tanto as obras quanto o atendimento no Serviço Médico de Urgência da unidade. Conforme o Ipsemg, os trabalhos preveem substituição de revestimentos de piso, parede, teto e instalações elétricas e hidrossanitárias. "Essas obras nos preocupam porque esses 80 leitos que serão reabertos apenas daqui dois anos estão causando essa dificuldade no Serviço Médico de Urgência", afirma Geraldo Henrique. Conforme o Ipsemg, estão fechados hoje 106 leitos, sendo que 70 deles estão em obras, segundo o instituto.
Mas a demora no atendimento, detalha Geraldo, não se limita apenas aos leitos fechados, mas também ocorre devido à falta de servidores. O representante dos beneficiários aponta que principalmente a área da enfermagem está com defasagem no quadro.
"O concurso no ano de 2019 não contemplou todas as vagas, principalmente de técnico de enfermagem, enfermeiro e médico. Isso segundo o que nos foi falado é o que mais falta para um atendimento de qualidade no Serviço Médico de Urgência. É em torno de mais de 100 servidores em falta. Por isso o SMU sempre esta lotado", pondera.
A demora no atendimento também foi observada na vistoria dessa manhã. Geraldo Henrique admite que houve melhora, mas aponta que a situação ainda é de precariedade na assistência. "Pode ter reduzido o número de pessoas porque não estamos mais passando por uma epidemia de dengue como passamos neste ano. Mas continua tendo as dificuldades, principais de internação", avalia.
Usuários reclamam
A demora no atendimento segue sendo motivo de revolta para quem usa o Serviço Médico de Urgência do Ipsemg. Na manhã desta quarta-feira (31), a reportagem de O TEMPO esteve no local. Mesmo sem lotação, quem aguardava atendimento relatou demora no atendimento.
"Cheguei aqui 9h30, tinham umas cinco pessoas. Pensei que seríamos rapidamente atendidos, mas foi só chegando gente. Eles falam que estão atendendo, dizem que tem três clínicos, mas só um consultório que chama", protesta a técnica de enfermagem Leni Gonçalves, de 63 anos, que conversou com a reportagem às 11h30. A mulher foi à unidade acompanhar o marido, que está com dores e mal-estar desde 7 de julho. A mulher conta que tentou ao máximo evitar a ida ao Ipsemg, por já saber que o atendimento demora.
"É muita tristeza, você vê um parente seu sentindo dor e demora a ser atendido. Nas próximas, acho que vou pagar por fora, no particular, mesmo contribuindo por mês para usar aqui", desabafa, em lágrimas.
A também técnica de enfermagem Vera Lúcia Miranda, de 50 anos, chegou às 9h ao SMU do Ipsemg para acompanhar a filha, de 16 anos, que esta com dores, febre e pintas no corpo. Ela relata que, até as 11h30, não viu nenhum paciente na recepção ser chamado para atendimento. "Tem uma senhora ali reclamando de dores, e o caso dela parece que é urgente. Até agora, nada", relata a usuária, que é beneficiária do Ipsemg há 13 anos. Segundo a mulher, a situação sempre foi a mesma.
"Quando tive dengue e chikungunya no mês passado, eu tive que voltar para a UPA do meu bairro. Eu vou para a rede SUS, porque nosso salário é pouco e não tenho como pagar outro convênio. Então a gente vai pro SUS, onde somos muito melhor atendidos", dispara.
Em abril, servidores beneficiários do Ipsemg denunciaram a O TEMPO um cenário de caos no atendimento do hospital Governador Israel Pinheiro, o Hospital do Ipsemg. Superlotação, demora no atendimento e falta de material estavam entre as principais reclamações.
Intertítulo: Posicionamento do Ipsemg
Questionado pela reportagem, o Ipsemg afirmou que o atendimento no hospital governador Israel Pinheiro "ocorre regularmente dentro da sua capacidade estrutural e do quadro de pessoal disponível". De acordo com o instituto, o quadro de funcionários atualmente conta com 625 médicos, 322 enfermeiros e 469 técnicos de enfermagem.
"Além dos serviços no Hospital, o Ipsemg possui outras cinco unidades de atendimento de urgência na capital, além de uma rede credenciada para outros atendimentos assistenciais, como a realização de exames, conforme disponível no Guia Médico", informa o instituto, em nota.
Leia abaixo a nota completa do Ipsemg:
O Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg) informa que a Ala B do Hospital Governador Israel Pinheiro (HGIP), em Belo Horizonte, está passando por uma reforma geral. As obras, que incluem a substituição de revestimentos de piso, parede, teto e instalações elétricas e hidrossanitárias, abrangem os pavimentos do 3º ao 13º andar, totalizando 70 leitos. Os trabalhos têm previsão de conclusão em dois anos.
Atualmente, o HGIP possui uma capacidade instalada de 393 leitos de internação, dos quais 287 estão em uso e 106 estão temporariamente fechados. Além disso, a unidade conta com 17 leitos de hospital dia, destinados para a observação de pacientes com permanência inferior a 24 horas. No hospital, trabalham 625 médicos, 322 enfermeiros e 469 técnicos de enfermagem.
O Ipsemg ressalta que o atendimento na unidade ocorre regularmente dentro da sua capacidade estrutural e do quadro de pessoal disponível. No momento, não há falta de medicamentos e insumos que impactem o atendimento aos beneficiários. Situações pontuais de desabastecimento podem ocorrer por motivos alheios à gestão do Instituto, mas as providências para a regularização são tomadas de forma imediata.
Além dos serviços no Hospital, o Ipsemg possui outras cinco unidades de atendimento de urgência na capital, além de uma rede credenciada para outros atendimentos assistenciais, como a realização de exames, conforme disponível no Guia Médico.