Um dia após ajudarem suas famílias afetadas pela chuva, funcionários da limpeza urbana se espalham para retirar o barro que se espalhou pelas ruas e avenidas da cidade de Ipatinga, na região do Vale do Aço, em Minas Gerais. Ao todo, de acordo com a prefeitura, são  920 trabalhadores - entre operadores, motoristas e ajudantes. O município foi atingido por um forte temporal na madrugada de domingo (12 de janeiro). Dez pessoas morreram e 150 ficaram desabrigadas.

André Silva, de 39 anos, é um dos funcionários da limpeza urbana da cidade. Nesta segunda-feira (13 de janeiro), ele trabalha para a retirada do barro das vias do bairro Bethânia, um dos mais afetados pela chuva. “São cinco anos trabalhando na área e nunca vi algo assim”, desabafou. Silva retomou a rotina do trabalho um dia após as casas de sua sogra e sua cunhada, no bairro Vista Alegre, ficarem alagadas.

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“Minha sogra perdeu tudo, minha cunhada também. Felizmente foram só danos materiais”, detalhou. Segundo Silva, a situação fez com que dedicasse todo o domingo para ajudar seus familiares. “Alguns amigos me ligaram pedindo apoio. Mas como?”, relatou.

Fred Magno / O TEMPO

Situação semelhante enfrentou Djalma Fernandes, de 56 anos, que também trabalha na limpeza urbana do município. A casa onde ele mora com a esposa, os pais e dois irmãos, no bairro Jardim Panorama, foi parcialmente afetada por um barranco.

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“A gente estava em casa quando o barranco começou a descer. Foi um susto muito grande. Mas colocamos um plástico e fizemos outros serviços que ajudaram um pouco”, contou. Fernandes nasceu em Ipatinga, cidade onde sempre residiu. “O que aconteceu agora só vi em 1979. Foi uma tragédia terrível. Era água e barro para todo lado”, lembrou.

Fred Magno / O TEMPO

A prefeitura não possui um levantamento sobre o número de pessoas afetadas pela enchente daquele ano. No entanto, dados extraoficiais indicam que cerca de 100 pessoas teriam morrido. “Foram muitos dias de chuva, e chuva forte. Quando começou a chover no domingo, lembrei do que aconteceu”, finalizou.

Fred Magno / O TEMPO

Por conta da tempestade que atingiu a cidade de Ipatinga, no Vale do Aço, na madrugada desse domingo, o prefeito da cidade, Gustavo Nunes (PL), declarou situação de emergência. A validade da declaração é de 180 dias. A partir da situação de emergência, os órgãos municipais passam a atuar sob a coordenação da Defesa Civil de Ipatinga. Servidores públicos e prestadores de serviço da administração municipal direta e indireta podem ser remanejados para atender às demandas prioritárias.