Quando a família da maquiadora Sabrina Calazans, de 26 anos, acordou durante as fortes chuvas que atingiram Ipatinga, no Vale do Aço, na madrugada desse domingo (12 de janeiro) o cenário parecia de um filme de terror, segundo ela: a água que invadia a casa já estava na altura dos joelhos dos moradores, a cama flutuava e os cachorros latiam desesperadamente tentando se salvar. A situação piorou quando o portão de ferro da garagem foi mandado para os ares, trazendo mais uma enxurrada para o imóvel, como um ‘tsunami’, conforme a jovem. Em meio a tudo isso, um vizinho, de 96 anos, lutava para sobreviver, gritava por socorro e tentava se equilibrar em meio à força da água, que balançava sua cadeira de rodas. Foi salvo ‘no último momento’ por um primo de Sabrina.
A maquiadora e a família dela foram umas das muitas vítimas das tempestades que atingiram a cidade do Vale do Aço neste fim de semana. Ao todo, 10 pessoas perderam a vida e cerca de 150 tiveram que deixar suas casas. Momentos semelhantes já foram vividos pela família de Sabrina - em 2002, eles também perderam tudo após fortes chuvas no município. Agora, eles reviveram a terrível situação novamente, mas de maneira ainda mais intensa.
Sabrina conta que estava na casa dos pais no fim de semana para dar assistência à mãe, que estava passando mal. A família foi dormir e acordou assustada com a água invadindo a casa.
“Na hora que a gente acordou, a água já estava dentro de casa, na altura do joelho, tinha cama flutuando. Entramos em desespero. Salvamos os cachorros e, quando fomos tentar pegar mais coisas, o portão de ferro da garagem arrebentou, e a água entrou com tudo, parecia um tsunami. A água chegou na altura dos nossos pescoços, os carros ficaram submersos, o muro caiu. Minha irmã tinha uma loja de perfumes na casa, e eles caíram na água”, relata a mulher.
Sabrina conta que horas depois, quando a água chegou à altura dos tornozelos, a família conseguiu limpar a casa com a ajuda de pessoas da igreja. No entanto, ainda há muito entulho na rua, o que tem deixado a todos preocupados. “Gostaríamos que a prefeitura retirasse, pois não sabemos se vai chover mais e pode ser perigoso”, diz ela.
Sabrina relata que a família não sabe quando vai voltar para casa. O temor ainda persiste, pois mais chuvas podem atingir o município. “Tem que dormir de olho aberto”, lamenta.