IPATINGA* - A cada 10 moradores de Ipatinga, um vive em áreas de risco. Ao todo, são 30 mil pessoas que convivem diariamente com o medo de serem vítimas de tragédias causadas por fenômenos climáticos na cidade. O montante representa 13% da população de 227.731, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O balanço foi feito pelo prefeito Gustavo Nunes (PL), que prevê um gasto de meio bilhão de reais em obras de contenção nos locais atingidos pela chuva do último fim de semana. Dez pessoas morreram e outras 150 ficaram desalojadas.
O número de pessoas em risco na cidade de Ipatinga é maior do que a população de 86% das cidades do Estado. Apenas 119 cidades de Minas têm mais de 30 mil habitantes. A quantidade é equivalente, por exemplo, a toda a população de Carmo do Paranaíba ou São João Nepomuceno.
Uma dessas pessoas que reside em área de risco no município mineiro é o autônomo Anderson Fernandes, de 32 anos. Por causa da chuva do último domingo (12), ele e a sua família precisaram deixar a casa no bairro Forquilha. “Aconteceu aquilo que a gente não queria: minha casa está caindo. A parede da casa do meu vizinho está escorada na minha. É uma situação que a gente não sabe o que fazer”, relatou.
Anderson Fernandes precisou abandonar sua casa após as chuvas Foto: Fred Magno / O TEMPO
O autônomo está abrigado no estádio Ipatingão, um dos locais para onde os desalojados foram levados. Ele foi orientado pela equipe da Defesa Civil para não retornar ao local, diante dos riscos. “Só Deus sabe o amanhã. A gente fica com muito medo do que ainda pode acontecer, mas estamos vivos. Os bens materiais recuperamos depois”, desabafou.
A administração municipal garante que tem investido em obras de contenção, como a construção de muros para evitar o deslizamento de encostas. Segundo o chefe do Executivo municipal, Gustavo Nunes (PL), o número de pessoas nestas áreas de riscos é muito alto, o que dificulta os programas habitacionais. Outro desafio enfrentado pela gestão é que esses moradores não querem deixar as suas casas por causa do vínculo afetivo.
“São pessoas que estão nestes locais desde a fundação da cidade, sessenta anos atrás. Famílias que não querem sair de suas casas. Como fazer um programa habitacional assim?”, questiona.
Reconstrução deve custar meio bilhão de reais
Ainda contabilizando os estragos, a prefeitura de Ipatinga prevê um gasto de meio bilhão de reais em obras de contenção nos locais atingidos pela chuva do último fim de semana. Segundo o prefeito Gustavo Nunes (PL), o município não conta com o recurso em caixa e irá buscar apoio dos Governos Estadual e Federal. “Ainda é difícil prever quais os prejuízos, mas já conseguimos ter uma ideia dos problemas que vamos enfrentar daqui para frente. Nós tivemos deslizamentos de terra em vários bairros, foram vários. Só em obras de contenção nos locais atingidos a estimativa é de meio bilhão em obras”, destacou o prefeito.
Prefeito Gustavo Nunes em entrevista a O TEMPO Foto: Fred Magno
Segundo o prefeito, os gastos do município podem ser ainda maiores, considerando os programas de assistência social para os atingidos pela chuva. “Além das famílias que perderam as suas casas, tivemos residências que ficaram inundadas. São pessoas que perderam todos os seus bens materiais. Esse é um gasto que ainda não conseguimos mensurar ainda. Somado a isso, tem os comerciantes. Sem sombras de dúvidas, o nosso prejuízo será muito alto”, acrescentou.
Situação de emergência e auxílio
A cidade decretou situação de emergência após o temporal do último domingo (12). O documento, publicado no Diário Oficial do Município (DOM), é válido pelo período de 180 dias.
Nesta segunda-feira (13), a prefeitura também publicou o decreto 11.415, que assegura o pagamento de um salário mínimo para as famílias atingidas pela chuva. A medida prevê o pagamento de um salário mínimo para famílias com até cinco integrantes e de um salário mínimo e meio para famílias com mais de cinco integrantes. O valor será pago em parcela única.
*Enviado especial a Ipatinga