O sossego costumeiro da rua Andaluzita, no bairro Carmo, região Centro-sul de Belo Horizonte, foi tomado por correria, desespero e sons de sirene na manhã desta terça-feira (14). O relato é do médico Leopoldo de Castro, de 74 anos, morador do prédio onde um apartamento pegou fogo. Fumaça, viaturas e militares do Corpo de Bombeiros foram o cenário na via. "Nunca havia passado por um susto desses", resume o morador.

Leopoldo relata que, por volta de 9h, a esposa dele começou a sentir um cheiro de queimado. Após não localizarem a origem do odor, o homem foi à varanda e olhou para baixo, e pessoas que estavam na calçada o avisaram do fogo que saía de uma janela quatro andares acima dele, que mora no 8º piso. A partir daí, conta o morador, o desespero tomou conta.

"Saímos correndo, eu deixei para trás meu celular, meus óculos e meus remédios. Algumas pessoas idosas tiveram que ser carregadas pelas escadas, pois têm dificuldade de andar", revela. 

Leopoldo ouviu por alto a moradora do apartamento incendiado contar que o ar-condicionado portátil sofreu um curto-circuito. Conforme o morador, ela e outra pessoa que estavam no apartamento deixaram o local acompanhadas de outros familiares, sem ferimentos.

Os tios da fisioterapeuta Renata Michielini, de 42 anos, moram um andar acima do apartamento que pegou fogo. A mulher semanalmente vai ao local às 11h30 para atender o tio, mas nesta terça-feira chegou ao endereço mais cedo, às 9h30. Ela relata o desespero ao se deparar com a situação.

"Quando eu cheguei, a rua estava interditada, eu vi o Corpo de Bombeiros e achei que era uma árvore caída. Disse a eles que precisava entrar, mas o militar me mostrou o incêndio. Eu desesperei porque ainda havia muitas chamas lá no alto e meus tios moram no 13º andar. Deixei minha bolsa no carro e falei com o bombeiro que eu precisava voltar lá para ajudar os meus tios, porque eles são idosos têm mais dificuldade de locomoção", relembra.

A tia da mulher não estava no local, pois tinha ido a um velório. Já o tio, que estava no imóvel, foi socorrido pela funcionária da limpeza, que o acordou e o retirou do local. A grande preocupação de Renata agora é com a mascote da família, uma gata de cerca de um ano de idade, que ainda não foi encontrada.

"Eles arrombaram a porta, mas falaram que estava com muita fumaça lá no andar, então procuraram, não conseguiram encontrá-la. Os bombeiros viram que não tem tela na janela da área de serviço, então não sabem se ela se escondeu em algum lugar ou pulou. Precisamos achá-la, pois a virou a vida deles", diz Renata.

Dois apartamentos atingidos

Responsável por atender a ocorrência, o capitão Lucas Silva Costa, do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, detalhou os danos causados pelo incêndio. O militar afirma que, além do apartamento onde o fogo começou, outra unidade no prédio foi atingida parcialmente.

"Três cômodos do apartamento onde começou o fogo foram atingidos, e o apartamento logo acima foi parcialmente atingido. Tinha alguns danos na janela que também foi quebrada, mas ele foi mais atingido por fumaça mesmo", explica.

O Corpo de Bombeiros ainda está verificando se o prédio possui o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) - documento que atesta que uma edificação é preparada para combate a incêndios. Mas conforme o capitão Lucas, os próprios extintores do prédio ajudaram no combate. 

A Defesa Civil e a perícia foram acionadas, para avaliar a estrutura do prédio e para os trabalhos de análise do incidente. Ainda é preciso, frisa Lucas, confirmar a informação de que o incêndio começou no ar-condicionado. De toda forma, o militar reforça a necessidade de se atentar às instruções de cada equipamento quanto à tensão elétrica.

"É importante sempre prestar atenção à voltagem do equipamento, verificar se a rede do imóvel ou do prédio é condizente com o produto, para evitar acidentes", recomenda.