Os estragos causados pelas fortes chuvas que devastaram a cidade de Ipatinga, no Vale do Aço, já somam prejuízos superiores a R$ 650 milhões. Segundo balanço preliminar divulgado pelo prefeito Gustavo Nunes (PL), na manhã desta quinta-feira (16 de janeiro), serão necessários mais de R$ 150 milhões para obras imediatas de reparação e outros R$ 500 milhões para intervenções futuras. Quatro dias após as precipitações provocarem dez mortes, deixarem mais de 400 desalojados e 138 desabrigados, o município tem, até o momento, a garantia do repasse de apenas 0,30% do recurso estimado para a reconstrução.

Os aportes prometidos somam cerca de R$ 2 milhões. Metade desse montante foi anunciado pelo governador de Minas, Romeu Zema (NOVO), que antecipou o envio do Piso Mineiro de Assistência Social — o repasse é feito mensalmente, mas será realizado em uma parcela única ainda neste mês. A outra metade, conforme Gustavo Nunes, foi prometida pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para custear operações de limpeza. "O governo federal já vai encaminhar um valor de quase um milhão de reais, específico para o custeio da limpeza da cidade, de horas-máquina, combustíveis e mão de obra. Esse deve ser um recurso mais imediato", afirmou.

Valor para reconstrução da cidade não está fechado

Estudo preliminar da Prefeitura de Ipatinga aponta gasto superior a R$ 650 milhões. Segundo o chefe do Executivo, serão necessários mais de R$ 150 milhões para obras imediatas de reparo em rodovias e taludes afetados pelas chuvas. Outros R$ 500 milhões serão destinados a obras de grande porte, previstas para o longo prazo. Esses valores não incluem os gastos com assistência social para moradores e comerciantes afetados pelas inundações.

"Ainda não temos um quantitativo exato do que seria necessário para atender à demanda assistencial. A cada dia temos um panorama mais detalhado da real situação. Já estimamos gastos para obras de restauração de vias em torno de R$ 150 milhões, mas esse relatório ainda não está concluído. Precisamos de recursos imediatos e de longo prazo para grandes obras", disse. Nunes explicou que equipes da prefeitura, em conjunto com as Defesas Civis nacional e municipal, estão elaborando um relatório técnico para contabilizar o investimento total necessário à reconstrução da cidade, incluindo intervenções de médio e longo prazo. 

A expectativa é que o documento seja finalizado ainda nesta semana, quando o Executivo deve formalizar o pedido de verbas junto aos governos federal e estadual."Estamos montando um relatório técnico detalhado e minucioso para protocolar esse pedido. A Defesa Civil nacional já enviou um técnico para auxiliar nossa equipe na elaboração do documento, de acordo com os padrões exigidos pelo governo federal", detalhou. Conforme Nunes, o auxílio dos governos de Zema e Lula é essencial para evitar o comprometimento do orçamento municipal. "Existe recurso da prefeitura? Sim. Mas isso deixaria o orçamento do ano praticamente inviável, podendo gerar muitos contratempos ao longo do ano. Por isso, é crucial buscarmos esse auxílio dos governos estadual e federal, para que outros serviços em Ipatinga não sejam prejudicados", justificou.

Prefeito articula com outros poderes

Gustavo Nunes garantiu que está em diálogo com os governos estadual e federal, que demonstram disposição para ajudar a cidade. "O valor de um milhão de reais vai ajudar, com certeza. É melhor do que nada. Mas tenho certeza de que o governador não vai encerrar o apoio por aqui; ele continuará nos ajudando", afirmou. 

"O governo federal também está muito solícito, assim como o governo estadual", concluiu. A reportagem questionou o governo de Minas e o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, responsável pelas articulações com Ipatinga, além do governo federal, sobre os investimentos previstos para a cidade e aguarda retorno.

Estado de Calamidade

Em decreto publicado no Diário Oficial do Estado (DOE) nesta quinta-feira (16), o governo de Minas reconheceu o estado de calamidade pública em Ipatinga após as chuvas do último domingo (12). De acordo com o texto, os órgãos do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sinpdec), localizados na região, estão “autorizados a prestar apoio suplementar ao município, mediante prévia articulação com o órgão de coordenação do sistema, em nível estadual, e conforme o planejamento estabelecido”.

O decreto havia sido publicado pela Prefeitura de Ipatinga na terça-feira (14). As tempestades tiraram a vida de dez pessoas na madrugada de domingo (12 de janeiro), deixando cerca de 400 vítimas desalojadas e outras 138 desabrigadas. A medida tem como objetivo ampliar a capacidade de resposta do município diante da crise.