“Eu sabia que ele ia fazer alguma coisa”. A certeza de que algo assustador poderia ser causado pelo homem que sequestrou um ônibus em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, vinha da irmã gêmea dele, que pediu para não ser identificada. As ‘previsões’ da mulher se concretizaram nesta terça-feira (28 de janeiro) e foram baseadas na vida de lutas, perdas e vícios do parente. “Não me assustou muito [o que aconteceu], porque ele já estava muito depressivo”, conta ela.
Conforme a mulher, ela recebeu uma ligação de uma conhecida relatando que o irmão tinha sequestrado o ônibus. Ela correu para o local enquanto se lembrava de todo o histórico dele. Há dias, segundo ela, o homem foi proibido de ver o filho, de 1 ano e 9 meses. Apegado à criança, ele já não estaria aguentando não ver o menino estender os bracinhos quando o via - e foi aí, segundo ela, que o homem começou a ficar perturbado.
“Eu via que ele não estava normal. O meu irmão costumava comprar as coisas e levar para o filho, mas depois a mãe passou a não aceitar e não estava mais deixando-o ver a criança. Ele foi ficando perturbado, com saudade, entrou na Justiça para tentar a guarda”, conta.
A mulher relata que entende o porquê de a mãe do bebê estar preocupada com o homem visitando a criança. Conforme ela relata, após 12 anos, o irmão voltou a usar drogas, o que teria aumentado muito os atritos entre o então casal.
“Assim que ele teve a recaída, eles se separaram, e ele foi morar comigo. Ontem à noite, ele estava lá em casa, pegou as coisas dele e falou que estava indo embora”, conta a mulher, que ainda afirma que o irmão lamentou “não ter ninguém” e que “ninguém sentiria falta dele”.
A mulher ainda contou que o homem dizia “não aguentar mais”. “É muito difícil internar alguém sem a pessoa querer. Meu medo era ele chegar a fazer uma loucura, e ele fez. Tudo o que pude fazer para ajudar, eu fiz”, finaliza.