A mudança no perfil de muitos trabalhadores é apontada como um dos fatores que dificultam a contratação de motoristas pelas empresas de ônibus. O desejo por flexibilidade no horário de trabalho é um dos principais pontos que afastam os possíveis interessados das vagas. Belo Horizonte, segundo o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Setra-BH), já tem vivido isso, mesmo com melhorias salariais. O mesmo ocorre em outras cidades do país.
Um levantamento da consultoria Mercer aponta que 43% dos brasileiros gostariam de ter mais flexibilidade em seus trabalhos, evitando compromissos com jornadas fixas e escalas rígidas e optando pelo trabalho remoto. O estudo mostra que a escassez de profissionais não é exclusiva do setor de transporte.
No caso do transporte coletivo, a ausência de motoristas impacta diretamente a regularidade das linhas, afetando os usuários que dependem do transporte para trabalhar, estudar ou realizar tarefas diárias, segundo o Setra-BH.
Aumento salarial
O Setra-BH ressalta que, nos últimos oito anos, houve um crescimento de 57,14% nos salários e benefícios dos motoristas. Contudo, isso não tem atraído os profissionais do volante. Em 2016, o vencimento com os benefícios (vale-alimentação, plano de saúde e seguro de vida) era R$ 2.675,64. Em 2024, passou para R$ 4.2024,63.
Segundo Jeferson Bittencourt, gestor de operações e logística do grupo Coordenadas Transportes, empresa que atua no setor, a profissão de motorista de transporte coletivo exige qualificação e dedicação.
"O motorista do transporte coletivo precisa não apenas de conhecimento técnico, mas também de compromisso, responsabilidade e respeito pelos passageiros. A dedicação ao trabalho é fundamental, pois lidamos com a mobilidade de milhares de pessoas diariamente", afirma Bittencourt.
Jeferson Bittencourt, gestor de operações e logística do grupo Coordenadas Transportes (SetraBH / Divulgação)
Além da necessidade de ter carteira de habilitação nas categorias D ou E e de passar por treinamentos nas empresas, o profissional precisa trabalhar com regularidade e pontualidade. Isso colabora para que os horários sejam cumpridos.
Bittencourt destaca que é preciso encontrar um equilíbrio entre a flexibilidade que os trabalhadores buscam e a regularidade exigida pelo serviço para solucionar o impasse. A adaptação das condições de trabalho e a valorização dos motoristas também são fundamentais para garantir que o sistema de transporte continue funcionando de forma eficiente.