Um ofício do governo de Minas Gerais enviado aos manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e do Movimento Brasil Popular (MBP) pôs fim a aproximadamente oito horas de protesto nas faixas em obras da futura estação Amazonas, no bairro Gameleira, região Oeste de Belo Horizonte. Na manhã desta segunda-feira (17 de março), cerca de 30 moradores atingidos pela expansão do metrô montaram barracas no local.

O Estado, por meio do secretário de Infraestrutura e Mobilidade, Pedro Bruno Barros de Souza, agendou uma reunião sobre os imóveis a serem desapropriados para as obras da linha 2 do metrô de BH para quarta-feira (19 de março). A mesa de negociação contará com a presença do secretário, do CEO da Metrô BH, Cláudio Andrade, e de um representante do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).

Segundo os movimentos sociais, esta é a primeira vez em três anos que o CEO da concessionária do metrô e o secretário de Estado vão dialogar diretamente com os moradores dos bairros Vista Alegre, Nova Gameleira e Betânia. Eles denunciam a falta de transparência no processo de desapropriação e afirmam que o valor das indenizações não é suficiente para a compra de um novo imóvel – de acordo com o MTST, as ofertas variam entre R$ 15 mil e R$ 30 mil.

"Os manifestantes reiteram sua posição de que as obras do metrô são urgentes e necessárias, e, por isso, devem se dar em bases justas e dignas para as famílias que estão hoje na área das obras, com reassentamento chave por chave, e negociações transparentes e coletivas", diz nota conjunta dos movimentos MTST e MBP. 

A oferta de reassentamento "chave por chave" significaria que os moradores só deixariam suas casas quando a nova moradia estivesse garantida. Esse será um dos temas tratados na reunião com as partes envolvidas no processo de desapropriação, uma vez que a Metrô BH espera finalizar as estações Amazonas e Nova Suíça até o ano que vem e, para isso, começaria a remover os moradores nos próximos meses.

A concessionária já realizou o mapeamento da área a ser desapropriada, a selagem dos imóveis e o levantamento do perfil socioeconômico das famílias, com base em entrevistas com os moradores. Além disso, as negociações com os titulares das residências já foram iniciadas.

Governo de Minas afirma fiscalizar processo para que ele ocorra "dentro dos princípios legais"

Ciente da queda de braço causada pelas desapropriações das obras da linha 2 do metrô de BH entre moradores e a concessionária, o governo de Minas afirmou que fiscaliza o processo, pois, embora as expropriações sejam uma obrigação contratual, elas devem ocorrer de "forma transparente", e as indenizações "devem ser justas e adequadas".

"O Governo de Minas reafirma seu compromisso em acompanhar o andamento do processo para que ele seja conduzido com responsabilidade social e dentro dos princípios legais estabelecidos", informou. 

Linha 2 do metrô de BH 

A linha 2 terá 10,5 km de extensão e será dividida em sete estações: Nova Suíça (onde ocorrerá o encontro das duas linhas), Amazonas, Nova Gameleira, Nova Cintra, Vista Alegre, Ferrugem e Barreiro. A expectativa é transportar uma média diária de 213 mil passageiros a partir da conclusão da nova linha, sendo 157 mil na linha 1 e 56 mil na linha 2.O início da operação da linha 2 está previsto para 2029, mas a empresa tenta antecipar esse prazo para 2028.

O investimento nas obras é de R$ 3,7 bilhões, sendo R$ 2,8 bilhões de aporte do Governo Federal e R$ 440 milhões provenientes do Termo de Reparação assinado pelo Governo de Minas, Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Ministério Público Federal (MPF) e Defensoria Pública de Minas Gerais (DPMG) com a Vale, em decorrência do rompimento da barragem de Brumadinho.