A lagoa da Pampulha ganhou, nessa sexta-feira (4 de abril), quatro “Caravelas Ecológicas”, estruturas flutuantes que monitoram a qualidade da água e auxiliam no processo de despoluição. Movidas pelo vento e pelas correntes, elas giram sobre o próprio eixo e utilizam recursos da própria natureza para restaurar o ecossistema local.
Desenvolvidas pela empresa Infinito Mare em parceria com a Zurich Seguros, que financia o projeto, as estruturas se adaptam a diferentes ambientes aquáticos, como rios, lagos e baías, e são consideradas uma alternativa ecológica que contribui com os processos já utilizados pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). “É uma tecnologia que soma com as ações que já estão acontecendo na prefeitura há muitos anos”, afirma o idealizador do projeto e CEO do Infinito Mare, Bruno Libardoni.
“Temos algas que crescem na caravela e é um time de organismos nativos da própria água. A gente não introduz e não planta nada, apenas deixamos a natureza reagir dentro da tecnologia e removendo a poluição. Quando as caravelas são instaladas, as algas crescem e acumulam poluição dentro delas. Ao removê-las, retiramos a poluição”, descreve o idealizador do projeto.
Bruno explica que as algas consomem nutrientes da água que são degradados por outros organismos e funcionam a partir do conceito de Soluções Baseadas na Natureza (SbN), que utilizam processos naturais para promover a recuperação ambiental. Essas algas desempenham um papel fundamental na oxigenação da água, na captura de dióxido de carbono (CO₂) e na absorção de poluentes, como metais pesados e nutrientes em excesso.
João Godinho / O TEMPO
Poluição
Atualmente, a lagoa da Pampulha enfrenta um histórico de poluição por esgoto irregular e resíduos arrastados pelas chuvas. Parte do esgoto gerado em municípios da região metropolitana, como Contagem, ainda chega à lagoa por meio dos córregos que lá deságuam.
A Prefeitura de Contagem, em nota, informou que a responsabilidade pela execução do plano de despoluição da Pampulha é da Copasa. O município atua como fiscalizador das ações da companhia, além de promover campanhas de educação socioambiental. A gestão informou ainda que 196 processos administrativos já foram abertos contra imóveis localizados na bacia da Pampulha que não estão ligados à rede oficial de esgoto.
Opinião
Para a aposentada Rosângela Ramos, que frequenta a orla da lagoa para passear e fazer caminhadas, a ação é um sinal de esperança. “Vai ser melhor para fazer caminhada. Muitas pessoas desanimam de vir pelo forte odor. Vai ajudar a lagoa, afinal, aqui é o cartão-postal de Belo Horizonte”, disse.
Outra frequentadora é a empresária Luiza Ling, 25, que criticou o odor da lagoa e a sujeira feita por frequentadores: "Quando a gente caminha de bicicleta percebemos mais o forte odor. Essa parte próxima ao Mineirinho é ainda tranquila, apesar do chão muito sujo. Muitas pessoas que frequentam jogam lixo aqui". A empresária também elogia a iniciativa: "Se funcionar vai ser uma ótima medida, vai ajudar bastante”.
Já o biólogo Fábio Oliveira, 39, de São João do Paraíso, no Norte de Minas Gerais, que está visitando a Pampulha pela primeira vez em viagem com sua família, elogiou o projeto: “Não sabemos de outras estruturas como essa em Minas Gerais. A função também é uma surpresa para nós. Mas se é para despoluir e tornar a água potável, para que talvez um dia as pessoas voltem a nadar aqui, é uma iniciativa muito boa”, afirma.
Segundo a diretora de marketing da Zurich Seguros, Lucía Sarraceno, com a chegada das caravelas, a expectativa é que os primeiros dados sobre a qualidade da água comecem a ser divulgados nos próximos meses. E que este é um pré-projeto. “A expectativa desse projeto é que essas quatro caravelas fiquem três meses aqui na lagoa da Pampulha. Durante o período o Infinito Mare vai capturar e analisar, para no futuro despoluir”, explica.
Luciana Batista e Bruno Libardoni, fundadores do Infinito Mare (João Godinho / O TEMPO)