Um abaixo-assinado pede que os ônibus da Via Ouro, em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, voltem a parar em um ponto próximo ao BH Shopping. A retirada da parada na avenida Luiz Paulo, no Belvedere, tem obrigado os usuários a gastar mais com outras passagens e, em alguns casos, a caminhar quase 2 km até o destino. O documento, que pode ser assinado online, já ultrapassou a marca de 6 mil assinaturas em apenas 24 horas.

O vereador Abner Henrique (Cidadania) é o responsável por lançar o abaixo-assinado. Ele explica que os coletivos da Via Ouro deixaram de parar no local após uma decisão judicial movida pelo Consórcio Metropolitano, gerido pela Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade de Minas Gerais (Seinfra). Segundo o parlamentar, a medida "prejudica centenas de moradores que utilizam o transporte público diariamente".

Abner afirma que não há motivação técnica para a decisão, mas sim interesses econômicos, já que a linha Via Ouro oferece uma tarifa de R$ 2 para trajetos entre Nova Lima e o Jardim Canadá, passando obrigatoriamente pelo BH Shopping. "A proibição faz com que os usuários tenham que utilizar linhas com passagens que custam até R$ 11,30. Ou seja, são R$ 9,30 a mais por viagem, o que representa R$ 18 por dia, R$ 500 por mês e até R$ 5 mil por ano", aponta.

Alex de Jesus / O TEMPO

O vereador também destaca que, diante da impossibilidade de pagar mais pelo transporte, muitos usuários estão sendo obrigados a caminhar quase 2 km até o BH Shopping — onde há centros de conexão para quem trabalha, estuda ou precisa se deslocar até Belo Horizonte. "A população está se arriscando todos os dias nessa travessia, muitas vezes em horários noturnos. É um prejuízo para pessoas de todas as idades, principalmente para os mais velhos. O risco é grande", alerta.

Segundo o parlamentar, o abaixo-assinado é uma forma de expressar a indignação da população diante de uma situação que já dura mais de uma década. "O povo de Nova Lima anseia por uma solução. Queremos negociar a flexibilização da parada dos ônibus da Via Ouro — nem que seja com a criação de uma nova linha, com tarifa diferenciada e, se necessário, subsidiada pela prefeitura", propõe.

Alex de Jesus / O TEMPO

Na tarde desta quarta-feira (21 de maio), por volta das 15h, o abaixo-assinado contabilizava 6.060 assinaturas. Moradores têm manifestado apoio à iniciativa por meio de comentários. “Nossa reivindicação é antiga, e vários vereadores já tentaram resolver. Espero que agora tenhamos um resultado. Muita gente é prejudicada pela falta desses pontos de ônibus em frente ao shopping”, disse uma usuária. “O ponto faz muita falta para nós que usamos a Via Ouro. Temos que andar a pé até a trincheira das Seis Pistas. É uma sacanagem com os usuários”, reclamou outro morador. “Vamos à luta, pois só assim venceremos”, completou uma apoiadora.

Posicionamento

A reportagem entrou em contato com o Governo de Minas que, em nota, informou que "as linhas operadas pela Viação Via Ouro são de caráter municipal, com autorização para atender exclusivamente o município de Nova Lima".

"Nesse sentido, não há restrição, por parte da Seinfra, quanto à operação dessas linhas dentro dos limites de Nova Lima. No entanto, a circulação fora do território municipal configura operação intermunicipal, cuja gestão é de competência metropolitana, conforme prevê a legislação", informou. 

A nota pode ser lida na íntegra abaixo:

"A Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra) informa que, atualmente, o Estado opera 26 linhas metropolitanas que atendem Nova Lima, com embarque e desembarque de passageiros autorizados no ponto mencionado na capital.
 
As linhas operadas pela Viação Via Ouro são de caráter municipal, com autorização para atender exclusivamente o município de Nova Lima.
 
Nesse sentido, não há restrição, por parte da Seinfra, quanto à operação dessas linhas dentro dos limites de Nova Lima. No entanto, a circulação fora do território municipal configura operação intermunicipal, cuja gestão é de competência metropolitana, conforme prevê a legislação."