Em meio à situação de emergência por conta do aumento 'expressivo' de doenças respiratórias em Minas, a Secretaria de Saúde do Estado (SES-MG) acaba de criar o Centro de Operações de Emergências em Saúde por Síndrome Respiratória Aguda Grave (COE-Minas-SRAG). A primeira reunião do comitê de enfrentamento à doença ocorreu nessa quarta-feira (7 de maio).
De acordo com o Executivo, o COE-Minas-SRAG é formado por servidores da SES-MG e representantes da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Minas Gerais (Cosems-MG) e da Fundação Ezequiel Dias (Funed).
Conforme o Governo de Minas, o COE-Minas-SRAG desenvolverá as seguintes ações:
- Gerenciar a resposta às emergências em saúde pública relacionadas à SRAG;
- Estabelecer objetivos estratégicos e prioridades para resposta às emergências;
- Analisar dados epidemiológicos de SRAG e doenças respiratórias emergentes;
- Elaborar boletins epidemiológicos e notas técnicas de orientação para os municípios;
- Apoiar a organização da rede assistencial e tomada de decisão;
- Estabelecer cenários de risco;
- Coordenar o plano de ação com as áreas técnicas envolvidas;
- Levantar dados e informações relevantes para a gestão da emergência em saúde pública.
Bebê com bronquiolite que ficou internada em UPA por 8 dias consegue vaga em hospital de BH
Depois de ficar oito dias internada com bronquiolite na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Justinópolis, em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte, a pequena Alice, de apenas dois meses, foi transferida nesta quinta-feira (8 de maio), para o Hospital Infantil João Paulo II, no bairro Santa Efigênia, região Leste de Belo Horizonte.
Minas tem uma internação a cada 6 minutos
Em 2025, os hospitais de Minas Gerais registraram cerca de 241 internações por dia pela chamada Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) — total de 29.723. O número equivale a cerca de 10 pessoas — em especial crianças pequenas e idosos — ocupando um leito por hora ou uma a cada seis minutos. Diante do aumento expressivo dos casos, o governo de Minas decretou, na última sexta-feira (2 de maio), situação de emergência. Porém, passados cinco dias desde a medida adotada, nesta quarta-feira (7) pelo menos dois bebês lutavam por suas vidas enquanto aguardavam a liberação de vagas em leitos no Estado.
Conforme o "Painel de Internações por Síndromes Respiratórias", atualizado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), até agora em 2025 foram registradas 29.723 internações, contra 28.409 no mesmo período do ano passado, um aumento de 4,6%.
Até agora, Minas já registrou 438 mortes pela doença, sendo uma delas a de uma menina de apenas 1 ano, que, após três dias internada em um hospital de Pedro Leopoldo, não resistiu e acabou morrendo enquanto aguardava uma vaga em um hospital. O infectologista Leandro Curi explica que a SRAG é caracterizada pelo sintoma de falta de ar, que é desencadeado por uma série de infecções, principalmente por vírus respiratórios, como a própria Influenza (gripe) e o Covid.
"Nas crianças pequenas, até mesmo o vírus do resfriado pode desencadear a infecção nos brônquios, que é conhecida como bronquiolite e que é muito grave. A SRAG surge principalmente nesta época do ano, quando esfria um pouco. A temperatura cai e, principalmente os pequenos e os mais velhos, que têm a imunidade mais baixa, são os que mais sofrem", detalha.
Para o infectologista Leandro Curi, a falta de leitos hospitalares para casos de SRAG (síndrome respiratória aguda grave) é um problema crônico no Brasil, que se intensifica em períodos de alta de infecções respiratórias. "Em alguns anos, esse aumento ocorre de forma mais brusca, pelo excesso de contaminação. É o irmãozinho que contamina o outro, o coleguinha de escola, às vezes os próprios pais. Então, os vírus circulam entre nós e a gente tende a espalhar mais rápido, virando um surto", completa Curi.
Como prevenir a SRAG?
Pessoas que convivem com crianças, idosos ou indivíduos com imunidade comprometida devem adotar medidas para reduzir o risco de infecção por vírus respiratórios. Curi destaca que a vacinação contra a gripe e a Covid é essencial, já que esses vírus estão entre os principais causadores da SRAG. "Às vezes, a descrença dos pais, geralmente infundada, deixa a criança desprotegida e podendo sofrer um caso mais grave", alerta.
Além das vacinas, práticas de higiene respiratória são fundamentais para prevenir a disseminação dos vírus. "Higienizar as mãos com regularidade, manter o ambiente ventilado, por exemplo, são medidas muito eficientes. Se alguém em casa estiver com sintomas gripais, é bom evitar ficar perto dela sem máscara. Sempre falo também para as pessoas evitarem visitar crianças recém-nascidas sem máscara nessa época, pois, um simples resfriado, pode ser muito grave para ela", orienta o infectologista.
Curi também reforça os cuidados que ganharam notoriedade durante a pandemia de Covid-19, como o uso de álcool em gel, o hábito de cobrir o rosto com o antebraço ao tossir ou espirrar, e o uso de máscaras ao apresentar sintomas gripais.