O Cânion do Peruaçu, localizado no Norte de Minas, entrou para a história mundial neste domingo (13/7) ao ser reconhecido como Patrimônio Natural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). É o primeiro local do estado a receber o reconhecimento nessa categoria.

O cânion é parte do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, situado a 640 km de Belo Horizonte e a 220 km de Montes Claros, entre os municípios de Januária, Itacarambi e São João das Missões. "Ele foi inscrito na Unesco em dois critérios, e basta um para ser reconhecido: a beleza cênica e o componente geológico. O cânion foi escavado embaixo da terra durante os milênios e, em algum momento, o teto desabou em seis pontos. Então temos essas grandes claraboias onde o rio está descoberto. Isso dá um contraste entre a vegetação árida do exterior e a vegetação luxuriante do interior. É um lugar único na face da Terra”, detalha o chefe do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Bernardo Issa.

O parque tem tem mais de 500 formações geológicas catalogadas. Um de seus pontos mais conhecidos é a Perna da Bailarina, registrada como a maior estalactite do mundo. Ela tem 28 m — em comparação, o Cristo Redentor tem 38 m. Bailarina, com 28m.

O espaço é administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a unidade é aberta desde 2014 à visitação pública guiada por condutores ambientais. O TEMPO listou nove atrativos imperdíveis do Peruaçu para quem nunca visitou o local.

O cânion junta-se a outros quatro bens reconhecidos pela Unesco em Minas: Ouro Preto, Congonhas, Diamantina e Pampulha — todos eles na categoria de patrimônio cultural, diferentemente do Peruaçu. Além deles, em 2024, os modos de fazer o Queijo Minas Artesanal também foi incluído na lista de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.

Para celebrar a conquista, o governo de Minas prepara um evento na praça da Liberdade às 17h30 deste domingo com projeções de fotos nas fachadas dos prédios da região.

Comissão brasileira comemora reconhecimento do Vale do Peruaçu na Unesco. Chefe do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, Dayanne Sirqueira, estende a bandeira do Brasil. (Unesco/Reprodução)

Unesco reconhece 'beleza excepcional' de Peruaçu

Em sua distinção, a Unesco mencionou a "beleza natural excepcional" das cavernas do Peruaçu e as qualificou como um exemplo "de destaque das etapas principais da história da Terra".

"O parque se encontra na interseção dos biomas Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica, abriga mais de 2.000 espécies de plantas e animais, incluindo muitas ameaçadas", sublinhou a Unesco.

Com seus cânions, galerias e água permanente, a região favoreceu a ocupação humana há 12 mil anos. Pinturas nas rochas, em diferentes estilos, abundam na região.

Enquanto os primeiros habitantes eram caçadores, evidências arqueológicas e pinturas atestam o cultivo de milho, tabaco, algodão e grãos, entre outros, em tempos mais recentes, informou a Unesco.

Segundo o ICMBio, órgão encarregado da gestão dos parques nacionais no Brasil, os indígenas Xacriabás conheciam o vale como "Peruaçu", com o significado aparente de "buraco grande", em alusão ao cânion ou às grandes cavernas formadas em rocha calcária da região.

Entre as 30 candidaturas examinadas neste ano pelo comitê do Patrimônio Mundial, reunido em Paris até este domingo, também estão os castelos do rei Luís II da Baviera, na Alemanha, assim como paisagens culturais em Camarões e no Malauí.

Brasil tem sete Patrimônios Naturais da Humanidade

Peruaçu agora estará ao lado de outros sete sítios naturais brasileiros: o Parque Nacional do Iguaçu (PR), a Costa do Descobrimento: Reservas da Mata Atlântica (BA/ES), as Reservas da Mata Atlântica (PR/SP), o Complexo de Conservação da Amazônia Central (AM), o Complexo de Áreas Protegidas do Pantanal (MT/MS), as Ilhas Atlânticas - Fernando de Noronha e Atol das Rocas (PE/RN) e as Reservas do Cerrado: Parques Nacionais da Chapada dos Veadeiros e das Emas (GO).

A próxima candidatura do Brasil será de um patrimônio cultural, o Teatro Amazonas, em Manaus, segundo chefe do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, Bernardo Issa

(Com AFP)