"Não posso deixar meu neto de 13 anos andar na rua sozinho aqui na Pampulha". Esse é o relato da aposentada Margarete Araújo, de 74 anos — 50 deles vividos em um dos mais charmosos pontos turísticos de Belo Horizonte, local que ela descreve como sua paixão.
Margarete, que foi professora de inglês e dava aulas particulares na própria região, conta que, antigamente, era comum ver as pessoas convivendo mais nas ruas, com as crianças tendo liberdade para brincar e sair, por exemplo, até a padaria. Hoje, ela afirma que isso se tornou inviável devido ao aumento da criminalidade.
“Meu neto de 13 anos está querendo ser independente e andar pelas ruas sozinho. Mas eu e os pais dele não permitimos. Sabe por quê? A falta de segurança é o motivo principal — especialmente na região, na rua onde moro. Temos visto muitos assaltos, seja ao meio-dia, aos domingos, a qualquer hora. Apesar da necessidade de dar liberdade às crianças para tarefas simples como ir à padaria sozinhas, infelizmente, não permitimos. Ele mora a um quarteirão da minha casa e, sempre que sai, pedimos que o pai dele fique na esquina observando”, explicou a aposentada.
‘Redução de crimes não diminui sensação de insegurança’
A vice-presidente da Associação Pró-Pampulha, Mary Fernandes, afirmou que, segundo a Polícia Militar, os índices de criminalidade na região têm caído significativamente e que o bairro é considerado um dos mais seguros de Belo Horizonte. Não elimina, contudo, a sensação de insegurança dos moradores.
“O que buscamos, em parceria com a Prefeitura, à Guarda Municipal e à Polícia Militar, é justamente amenizar essa sensação de insegurança. Temos a Rede de Vizinhos Protegidos, criada pela Polícia Militar, que é 100% eficiente. Nosso bairro recebe um público flutuante de cerca de 3 milhões de pessoas. Não há em Belo Horizonte outro bairro com tal volume de visitantes — pessoas que vêm ao Mineirão, ao Mineirinho, à Igreja São Francisco e a todo o complexo tombado. Contudo, nosso efetivo policial é pequeno”, destacou Fernandes.
Mary também aproveitou para pedir mais viaturas e reforço no policiamento. “Moro na região da Pampulha há 54 anos, desde que nasci. Hoje está diferente, não é? As pessoas têm que tomar mais cuidados. Há arrombamentos, e muita gente também não faz a sua parte: deixa computadores e objetos de valor dentro do carro — é lógico que esses veículos serão arrombados, não só aqui, mas em toda Belo Horizonte. A nossa Pampulha era um lugar muito pitoresco, onde as pessoas andavam bastante pelas ruas. Contudo, essa realidade tem mudado devido à insegurança”, acrescentou.
R$ 600 mil em recursos podem ser investidos para melhorias na Pampulha
A deputada estadual Chiara Biondini (Progressistas) anunciou, em audiência pública realizada nesta terça-feira (15 de julho), no Iate Tênis Clube, que repassou uma emenda parlamentar de R$ 600 mil à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) para viabilizar melhorias na segurança pública da Pampulha.
A parlamentar apontou que, nesta quarta-feira (16/7), ela vai se reunir com o prefeito Álvaro Damião (União Brasil) e os comandantes das forças de segurança (Polícia Militar, Polícia Civil e Guarda Municipal) para discutir como os R$ 600 mil serão empregados.
“Precisamos viabilizar a poda de árvores nas ruas, já que os moradores têm reclamado que suspeitos usam essas árvores para se esconderem e furtam correntinhas, por exemplo. Queremos ver se é possível também colocar mais viaturas da PMMG e bicicletas da Guarda Municipal ao redor da Lagoa da Pampulha, para estabelecer mais segurança aos turistas e às pessoas que correm no local”, disse Chiara.