Em meio à emoção e ao clamor por justiça, colegas de trabalho, alunos e familiares se despediram da professora de história Soraya Tatiana Bomfim França, de 56 anos, encontrada morta em Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), neste domingo (20/7). O velório de Soraya ocorreu no Cerimonial da Santa Casa, no bairro Santa Efigênia, região Leste da capital mineira, no início da noite desta segunda-feira (21/7).
As professoras e colegas de Soraya no Colégio Santa Marcelina, Emeline Mati e Jane Teixeira, relembraram a trajetória de ‘Tati’, como era carinhosamente conhecida. Emeline e Jane afirmaram que Soraya era uma referência como pessoa e profissional.
“Iniciamos a nossa jornada profissional juntas na mesma escola. Ela foi uma figura de referência para mim, dotada de grande inteligência, capacidade e competência. Era uma educadora por natureza, além de ser uma pessoa extremamente gentil, que se relacionava bem com todos. Dizer isso não é um clichê, mas, sim, um retrato fiel de quem ela era e do que representava para nós. A dor é imensa e presente. É incompreensível e revoltante. Acreditamos tratar-se de um crime hediondo, que precisa ser caracterizado como feminicídio. Ela foi vítima por ser mulher, independentemente das circunstâncias”, disse Emeline.
Clamor por justiça
Questionadas se elas tinham conhecimento sobre algum relacionamento que Soraya pudesse ter, as colegas afirmaram que esse era um fator improvável de ocorrer.
“Soraya era uma mulher romântica, sonhadora, que valorizava a paz e o bem. Apesar de não nos encontrarmos há algum tempo, considero muito improvável. É impossível tentar entender o que aconteceu. Sinto um desejo profundo de clamar ao mundo inteiro. Precisamos agir, pois ela era uma professora que, em sala de aula, construía um futuro melhor, acreditando em um cidadão melhor, em um homem melhor”, declarou Jane.
O que se sabe sobre o caso?
A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) investiga a causa da morte da professora de história Soraya Tatiana Bomfim França, de 56 anos. O corpo dela foi encontrado com sinais de violência na manhã de domingo (20/7), em um viaduto de Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Ela estava sendo procurada desde sexta-feira (18/7). Veja o que se sabe sobre o caso:
Desaparecimento
De acordo com o boletim de ocorrência, registrado pelo filho de Soraya na noite de sábado (19/7), ele saiu de casa por volta das 20h de sexta-feira para uma viagem à Serra do Cipó. A mãe estava na sala de casa, vestida com uma camisola cinza, quando ele saiu. Na manhã do dia seguinte, ainda conforme o relato do filho, ele enviou uma mensagem para a mãe, mas ela não teria sequer recebido a mensagem.
Apartamento vazio
Ainda segundo o documento policial, o filho da professora pediu que uma tia, que mora no mesmo prédio, fosse até o apartamento. Ele solicitou que um chaveiro abrisse o imóvel para que sua tia tivesse acesso, mas não foi encontrado nenhum vestígio da mulher. Diante da situação, o rapaz teria voltado para casa, onde encontrou o lugar sem sinais de alteração ou arrombamento. O carro de Soraya também estava na garagem do prédio.
Buscas em hospitais
O filho, junto do pai, iniciou uma série de visitas a hospitais da capital e ao Instituto Médico Legal (IML), além de contatos com amigas para tentar descobrir o paradeiro da professora. Sem informações, ele também tentou acessar câmeras de segurança da rua onde mora com a mãe e o notebook da mulher, mas não conseguiu obter nenhuma evidência sobre sua localização.
Corpo encontrado em Vespasiano
O corpo da educadora foi encontrado neste domingo (20/7) sob um viaduto, na avenida Adélia Issa, no bairro Conjunto Caieiras, em Vespasiano, na Região Metropolitana. Ele estava parcialmente coberto por um lençol, e a vítima vestia somente a parte de cima da roupa — uma blusa cinza. A perícia constatou marcas de queimaduras nas partes internas das coxas e manchas de sangue, possivelmente relacionadas a violência sexual.
Investigação
A Polícia Civil encaminhou o corpo da mulher para o IML, onde passou por exames e foi liberado aos familiares. A PCMG agora aguarda a conclusão de laudos periciais que irão atestar as circunstâncias e a causa da morte. "A investigação está em andamento, e outras informações podem ser divulgadas à medida que os procedimentos policiais avançam.", informou em nota.
Velório da professora foi marcado por forte comoção. Foto: Flavio Tavares/ O TEMPO