O maior reservatório de água da Região Metropolitana de Belo Horizonte e uma das principais rodovias do Brasil estão na mancha de inundação da barragem B1-A, da mineradora Emicon, localizada na Mina do Quéias, em Brumadinho. A estrutura teve a classificação de emergência elevada pela Agência Nacional de Mineração (ANM) para o nível 2, o penúltimo na escala de alerta, que vai até 3. Autoridades destacam, no entanto, que não há indicação de risco iminente de colapso.

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O mapa da inundação consta no Sistema Integrado de Gestão de Barragens de Mineração, da ANM. Conforme o documento, os rejeitos invadiriam a BR-381, a Fernão Dias, principal rota entre Belo Horizonte e São Paulo. Além disso, chegariam até o reservatório Rio Manso, responsável por captar e tratar água para 3,5 milhões de pessoas na Grande BH.

No nível 2 de emergência, não há confirmação de que o rompimento seja iminente, mas são necessárias medidas imediatas de prevenção, incluindo a evacuação da chamada Zona de Autossalvamento (ZAS) — área onde não há tempo suficiente para atuação das autoridades em caso de colapso.

A estrutura começou a operar em dezembro de 1996 e foi desativada em 2 de janeiro de 2014. Ela comporta 914 mil metros cúbicos de rejeito — volume cerca de 12 vezes menor do que o da barragem B1, da mina de Córrego do Feijão, também em Brumadinho, que rompeu em janeiro de 2019, matando 270 pessoas, incluindo duas grávidas. No relatório, a ANM destaca a existência de pessoas ocupando permanentemente a área afetada a jusante da barragem.

Conforme a Prefeitura de Brumadinho, a elevação do nível de emergência ocorreu após a ANM apontar falhas técnicas no relatório de fiscalização da estrutura. Entre os problemas destacados estão a ausência de sistemas automatizados de alerta e videomonitoramento, além da inexistência da Declaração de Conformidade e Operacionalidade (DCO) do Plano de Ação de Emergência para Barragens de Mineração (PAEBM).

Criação de comitê

Diante do cenário, a administração municipal criou uma Comissão Estratégica Municipal (CEM) para acompanhar a situação. O grupo será composto pelo prefeito, pela Defesa Civil e por representantes das secretarias de Segurança Pública, Planejamento, Desenvolvimento Social, Meio Ambiente, Obras, Saúde, Procuradoria-Geral, Governo e Reparação. Segundo a prefeitura, todas as pastas estão de plantão para atuação imediata, caso necessário.

A evacuação preventiva das famílias que vivem na ZAS segue em andamento, de forma humanizada e com o suporte da Defesa Civil, do Corpo de Bombeiros e de outros órgãos estaduais e federais. Ainda segundo a administração, não há, até o momento, indícios de ruptura iminente, e todas as ações adotadas têm caráter preventivo, conforme prevê o Artigo 42 da Resolução ANM nº 95/2022.