O ex-servidor público Matteos França, de 32 anos, que confessou ter assassinado a própria mãe, a professora de história Soraya Tatiana Bomfim França, de 56 anos, foi transferido, na tarde desta segunda-feira (28/7), para o presídio Inspetor José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
A informação foi confirmada pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e ocorre após o advogado do suspeito, Gabriel Arruda, relatar que ele vinha sendo ameaçado dentro da cela do Ceresp Gameleira, em Belo Horizonte, onde esteve preso por cerca de três dias, desde a última sexta-feira (25/7).
Segundo o defensor, as ameaças foram comunicadas à Justiça no último domingo (27/7), durante a audiência de custódia que converteu a prisão dele de temporária para preventiva. "Sofreu ameaças de morte e, por isso, solicitamos a transferência dele para outro presídio ou penitenciária", informou Arruda.
Na última sexta, França foi preso temporariamente na casa do pai, no bairro Jardim Alvorada, na região Noroeste de Belo Horizonte. Segundo a Polícia Civil, a detenção foi motivada por contradições no depoimento do suspeito, que foram confrontadas por meio de imagens de câmeras de segurança que mostraram o carro da vítima circulando por trajetos incompatíveis com a versão apresentada.
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Levado para o Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), o filho da professora confessou o crime. Durante o depoimento, ele afirmou que o assassinato ocorreu após uma discussão intensa, motivada por dívidas com jogos de aposta online e empréstimos consignados. O caso segue em investigação.
Relembre o crime
De acordo com o boletim de ocorrência, registrado pelo filho de Soraya na noite de sábado (19/7), ele saiu de casa por volta das 20h de sexta-feira (18/7) para uma viagem à Serra do Cipó. A mãe estava na sala de casa, vestida com uma camisola cinza, quando ele saiu. Na manhã do dia seguinte, ainda conforme o relato do filho, ele enviou uma mensagem para a mãe, mas ela não teria sequer recebido.
Ainda segundo o documento policial, o filho da professora pediu que uma tia, que mora no mesmo prédio, fosse até o apartamento. Ele solicitou que um chaveiro abrisse o imóvel para que sua tia tivesse acesso, mas não foi encontrado nenhum vestígio da mulher. Diante da situação, o rapaz teria voltado para casa, onde encontrou o lugar sem sinais de alteração ou arrombamento. O carro de Soraya também estava na garagem do prédio.
O filho, junto do pai, iniciou uma série de visitas a hospitais da capital e ao Instituto Médico Legal (IML), além de contatos com amigas para tentar descobrir o paradeiro da professora. Sem informações, ele também tentou acessar câmeras de segurança da rua onde mora com a mãe e o notebook da mulher, mas não conseguiu obter nenhuma evidência sobre sua localização.
Corpo encontrado em Vespasiano
O corpo da educadora foi encontrado neste domingo (20/7) sob um viaduto, na avenida Adélia Issa, no bairro Conjunto Caieiras, em Vespasiano, na Região Metropolitana. Ele estava parcialmente coberto por um lençol, e a vítima vestia somente a parte de cima da roupa — uma blusa cinza. A perícia constatou marcas de queimaduras nas partes internas das coxas e manchas de sangue, possivelmente relacionadas a violência sexual.
A Polícia Civil encaminhou o corpo da mulher para o IML, onde passou por exames e foi liberado aos familiares. A PCMG agora aguarda a conclusão de laudos periciais que irão atestar as circunstâncias e a causa da morte. "A investigação está em andamento, e outras informações podem ser divulgadas à medida que os procedimentos policiais avançam.", informou em nota.
O Colégio Santa Marcelina, situado na região da Pampulha, local onde trabalhava, lamentou a morte da professora nas redes sociais. "Toda a comunidade educativa da Rede Santa Marcelina se une em oração e solidariedade à sua família, colegas e estudantes neste momento de dor. Rogamos a Deus que a acolha com amor e misericórdia, e que conforte todos os que choram sua partida. Sua memória permanecerá viva entre nós", escreveu a instituição de ensino em suas redes sociais.
Nas redes sociais, inúmeros relatos de pais e alunos a descrevem a professora como amiga, profissional excelente e alguém que atuava além do ensino, trazendo mensagens de carinho e incentivo aos estudantes. Uma mãe afirmou que o legado deixado por Soraya era visível na forma como os filhos mencionavam ela em casa. "Através dos olhares, atitudes e palavras de nossos filhos, reconhecemos aquele professor que é muito mais do que um educador, um ser iluminado, que se preocupa com os alunos além do conteúdo didático", lamentou.
“Lutaremos por sua memória. Seu sorriso não se apagará!” — a frase estampava adesivos com a foto de Soraya Tatiana França durante o sepultamento da professora, realizado na manhã da última terça-feira (22/7), no Cemitério da Paz, no bairro Caiçara, região Noroeste de Belo Horizonte. Familiares, amigos, ex-alunos e colegas da escola Santa Marcelina se despediram da profissional com orações e homenagens. “Ontem eu descobri o alcance do amor da minha filha. Fiquei impactado com tanto carinho, tantas flores, tanta gente", disse o pai da professora, Nilton França.