O comerciante Márcio Henrique Carvalho vive há 72 anos na mesma residência, na rua Bonfim, no centro histórico de Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Na manhã deste domingo (27/7), ele foi acordado com a sensação de que o chão da casa estava se abrindo. Era o rompimento de uma adutora da Copasa, que deixou seu bar, anexo à moradia, praticamente “dependurado”. Uma vistoria da Defesa Civil Municipal, realizada nesta segunda (28/7), identificou danos estruturais significativos no estabelecimento, que poderá ser demolido.
"Eu escutei um estrondo por volta das seis da manhã, um barulho abafado. Quando abri a janela, vi a rua tomada pela água. Fui até o bar e já havia cerca de 20 cm de alagamento. A água descia para o quintal, destruindo tudo. Estou assustado até agora", desabafa o morador. No momento do desespero, ele pensou primeiro em proteger o pai, de 102 anos, que tem locomoção debilitada. O idoso foi retirado da residência de forma preventiva, mas já retornou. "Ficamos com medo de que algo pior acontecesse", continua Márcio.
Foto: Alex de Jesus / O TEMPO
O rompimento da adutora abriu uma cratera na rua do centro histórico, e os imóveis de Márcio Henrique foram os mais impactados. Além do bar, o quintal da residência da família sofreu um processo erosivo, e esse desgaste pode representar um risco durante o período chuvoso, segundo o coordenador de Proteção e Defesa Civil de Santa Luzia, Wilmar Ferreira.
“Essa é a maior preocupação em relação à casa do dono do bar. Nos fundos da residência, há uma mata, onde ocorreu uma erosão muito grande. Durante o período chuvoso, se o estrago não for recuperado, a estrutura da casa pode ser seriamente comprometida. Já informamos a Copasa sobre a situação”, explica o coordenador.
A vistoria técnica da Defesa Civil manteve a interdição da via por tempo indeterminado, assim como do bar de Márcio, por precaução. O comerciante está proibido de entrar no local, inclusive para retirar itens perecíveis do estoque. "Não posso tirar nada lá de dentro. Os freezers estão abastecidos. Lá tenho meu fogão, vários itens do comércio. Mas tenho que aguarda o parecer da perícia. Eu creio que vai ter que demolir, está um risco muito grande", lamenta Márcio Henrique Carvalho.
O comerciante Márcio Henrique Carvalho olha os estragos causados pelo rompimento da adutora. I Foto: Alex de Jesus / O TEMPO
O morador está em contato com a Copasa, que, segundo ele, se prontificou a ressarcir todas as perdas da família, desde o estoque do bar que será perdido até a possível demolição do local. "Disseram que vão ressarcir. Agora, vamos esperar a perícia calcular o prejuízo. Não desejo isso nem para o meu pior inimigo. Graças a Deus, ninguém se machucou", diz Márcio.
Conforme a Prefeitura de Santa Luzia, a Copasa também é responsável por reparar o estrago na rua Bonfim e auxiliar na limpeza da lama nas casas atingidas pelo rompimento da adutora. A previsão é que o aterramento da vala seja realizado ainda esta semana. "As equipes seguem no local avaliando os impactos e prestando orientações à população", informou o executivo municipal.
Foto: Alex de Jesus / O TEMPO
Outra adutora se rompeu em Santa Luzia
De acordo com o coordenador de Proteção e Defesa Civil de Santa Luzia, Wilmar Ferreira, outra adutora se rompeu no município após os reparos na cratera aberta na rua Bonfim. A ruptura, de menor escala, ocorreu na rua Floriano Peixoto.
"Teve outro rompimento, mas de menor gravidade. Quando foi feito o reparo na adutora que abriu a cratera na Bonfim, a pressão fez com que houvesse um novo rompimento em outro ponto. Mas lá já foi recuperado, e não houve maiores problemas", explica.
Falta de água
O abastecimento de água em quase 40 bairros de Santa Luzia foi "emergencialmente interrompido" para a realização de serviços de manutenção após o rompimento da adutora na rua Bonfim, no domingo (27/7). Na tarde desta segunda-feira (28/7), a situação já está normalizada.
O que diz a Copasa sobre o rompimento da adutora na rua Bonfim, em Santa Luzia?
"A Copasa informa que o vazamento em adutora localizada na rua Bonfim, em Santa Luzia, foi corrigido neste domingo (27/7), e a previsão é de que o aterramento da vala seja realizado no decorrer desta semana. A Copasa destaca que a equipe de mobilização social esteve presente durante todo o dia, prestando apoio aos moradores afetados. Não houve feridos. A companhia também esclarece que será realizada uma perícia para avaliar os danos e tomar as medidas necessárias".