Julho é o mês de férias escolares e, por isso, também é marcado pela alta procura por atividades ao ar livre em Minas Gerais, como trilhas, banhos de cachoeira e visitas a matas e montanhas. Com esse aumento na circulação de pessoas em áreas naturais, o risco de acidentes, como afogamentos, quedas de altura e desaparecimento em matas também cresce. Só em junho deste ano, o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais já registrou aumento de 47% nas buscas por desaparecidos em trilhas, passando de 68 para 100. O avanço acende alerta para necessidade de cuidados ao realizar atividades em locais não conhecidos. 

Segundo os bombeiros, alguns fatores explicam o aumento nos acidentes: “Devido à combinação de características geográficas, ambientais e estruturais que favorecem a ocorrência de acidentes, especialmente entre turistas despreparados e desinformados”, diz em nota. O desaparecimento não é o único risco neste período. Em julho de 2025 já foram registrados 173 salvamentos por queda de altura no estado, o equivalente a cinco por dia. O dado, ainda parcial, abrange situações em que a vítima está em um local de difícil acesso, como em encostas íngremes ou em valas profundas. 

Outros desafios citados pelos bombeiros para praticantes do turismo de aventura são as características das trilhas e acessos, muitas vezes com longas extensões ou trechos em mata fechada; a existência de travessias perigosas, como rios com correnteza. A existência de terrenos irregulares e escorregadios, especialmente após chuvas, aliada a necessidade de uso de equipamentos adequados agravam o cenário.

Já os dados sobre afogamentos mostram que em junho, até o dia 26, 13 pessoas morreram afogadas em Minas. Os registros de julho ainda estão sendo atualizados. De acordo com os bombeiros, o afogamento é a terceira principal causa de morte no mundo entre pessoas de 5 a 14 anos. No Brasil, a maioria dos casos acontece em água doce, como cachoeiras e lagos. Já em ambientes residenciais, as vítimas mais frequentes são crianças de 1 a 9 anos, que se afogam principalmente em piscinas.

A corporação alerta em cartilha que boias e flutuantes não substituem a vigilância de um adulto. “Em piscinas públicas, prefira locais com guarda-vidas e evite brincadeiras que possam provocar traumas ou perda de consciência. Em rios e lagos, é fundamental respeitar a sinalização e nunca nadar após consumir bebidas alcoólicas. Em embarcações, o uso de coletes salva-vidas é obrigatório. Já nas cachoeiras, o cuidado deve ser redobrado: não mergulhe de cabeça, evite escorregar nas pedras com limo e nunca salte de locais altos sem conhecer a profundidade do local”.

Ainda segundo a corporação, outros fatores de perigo para afogamento estão: poços profundos e de difícil visibilidade; fortes correntezas, mesmo em áreas aparentemente tranquilas; risco de tromba d’água; rochas soltas e escorregadias que aumentam a probabilidade de quedas; e saltos imprudentes em locais com pedras submersas. 

Dicas dos bombeiros para trilhas e áreas de montanha:


Nunca vá sozinho. Prefira trilhas acompanhadas por guias ou pessoas experientes.

  • Avise alguém sobre seu trajeto e horário previsto de retorno.
  • Se possível, informe previamente o Corpo de Bombeiros sobre o evento ou passeio.
  • Verifique a previsão do tempo e não vá se houver risco de chuvas.
  • Evite condutas de risco, como saltar em poços desconhecidos ou se aproximar de bordas perigosas.
  • Utilize aplicativos de navegação offline, como Wikiloc ou AllTrails.


Por fim, os bombeiros reforçam: “nenhum equipamento substitui o planejamento, o conhecimento e a prudência.” 

*Estagiária sob supervisão