O Colégio Santa Marcelina divulgou, na noite dessa segunda-feira (28/7), um novo vídeo em homenagem à professora de História Soraya Tatiana Bonfim, de 56 anos, morta pelo próprio filho, o ex-servidor público Matteos França, de 32, que confessou o crime. Nas imagens, Soraya aparece sorridente ao lado de alunos e colegas durante eventos da escola. A instituição afirmou que o legado da educadora "continuará".

"Mesmo em meio à saudade, seguimos firmes na missão em que ela tanto acreditava: educar com valores, formar corações e transformar vidas. Seu legado continuará florescendo em nossos corredores, em nossas salas e, principalmente, na vida de cada estudante que por aqui passar. Descanse em paz, professora Tati", escreveu a instituição de ensino em suas redes sociais.

Nos comentários, alunos e professores do colégio também prestaram homenagens a Soraya. "Linda homenagem! Você foi um presente em nossas vidas. Descanse em paz! Você nos marcou com sua competência e amor. Obrigada", escreveu uma seguidora. "Ela transmitia paz no seu olhar, mas o destino não quis assim", disse outra. "Impossível esquecer desse coração tão generoso. Obrigado por tudo, Tati!", escreveu um internauta.

Suspeito confesso é transferido após ameaças

Preso desde a última sexta-feira (25/7), quando confessou ter assassinado a própria mãe, Matteos França foi transferido, na tarde desta segunda-feira (28/7), para o presídio Inspetor José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A informação foi confirmada pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e ocorre após o advogado do suspeito, Gabriel Arruda, relatar que ele vinha sendo ameaçado dentro da cela do Ceresp Gameleira, em Belo Horizonte, onde esteve preso por cerca de três dias.

Horas após a transferência, Arruda divulgou uma nota relatando que os profissionais que integram a equipe de defesa de Matteos vêm sendo alvos de calúnias, injúrias e difamações em plataformas digitais, "numa tentativa indevida de deslegitimar o exercício da advocacia".

Relembre o crime

Na última sexta (25/7), o filho de Soraya, Matteos França, foi preso temporariamente na casa do pai, no bairro Jardim Alvorada, na região Noroeste de Belo Horizonte. Segundo a Polícia Civil, a detenção foi motivada por contradições no depoimento do suspeito, que foram confrontadas por meio de imagens de câmeras de segurança que mostraram o carro da vítima circulando por trajetos incompatíveis com a versão apresentada.

 + Caso professora Soraya: veja a cronologia do crime

Levado para o Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), o filho da professora confessou o crime. Durante o depoimento, ele afirmou que o assassinato ocorreu após uma discussão intensa, motivada por dívidas com jogos de aposta online e empréstimos consignados. O caso segue em investigação.

De acordo com o boletim de ocorrência, registrado pelo filho de Soraya na noite de sábado (19/7), ele saiu de casa por volta das 20h de sexta-feira (18/7) para uma viagem à Serra do Cipó. A mãe estava na sala de casa, vestida com uma camisola cinza, quando ele saiu. Na manhã do dia seguinte, ainda conforme o relato do filho, ele enviou uma mensagem para a mãe, mas ela não teria sequer recebido. 

 Ainda segundo o documento policial, o filho da professora pediu que uma tia, que mora no mesmo prédio, fosse até o apartamento. Ele solicitou que um chaveiro abrisse o imóvel para que sua tia tivesse acesso, mas não foi encontrado nenhum vestígio da mulher. Diante da situação, o rapaz teria voltado para casa, onde encontrou o lugar sem sinais de alteração ou arrombamento. O carro de Soraya também estava na garagem do prédio.

+ Dívidas com bets e bancos: filho que matou a professora Soraya afirma motivo e diz estar arrependido

O filho, junto do pai, iniciou uma série de visitas a hospitais da capital e ao Instituto Médico Legal (IML), além de contatos com amigas para tentar descobrir o paradeiro da professora. Sem informações, ele também tentou acessar câmeras de segurança da rua onde mora com a mãe e o notebook da mulher, mas não conseguiu obter nenhuma evidência sobre sua localização.

Corpo encontrado em Vespasiano

O corpo da educadora foi encontrado no domingo (20/7) sob um viaduto, na avenida Adélia Issa, no bairro Conjunto Caieiras, em Vespasiano, na Região Metropolitana. Ele estava parcialmente coberto por um lençol, e a vítima vestia somente a parte de cima da roupa — uma blusa cinza. A perícia constatou marcas de queimaduras nas partes internas das coxas e manchas de sangue, possivelmente relacionadas a violência sexual, que foi descartada após exames.

 A Polícia Civil encaminhou o corpo da mulher para o IML, onde passou por exames e foi liberado aos familiares. A PCMG agora aguarda a conclusão de laudos periciais que irão atestar as circunstâncias e a causa da morte. "A investigação está em andamento, e outras informações podem ser divulgadas à medida que os procedimentos policiais avançam.", informou em nota.

O Colégio Santa Marcelina, situado na região da Pampulha, local onde trabalhava, lamentou a morte da professora nas redes sociais. "Toda a comunidade educativa da Rede Santa Marcelina se une em oração e solidariedade à sua família, colegas e estudantes neste momento de dor. Rogamos a Deus que a acolha com amor e misericórdia, e que conforte todos os que choram sua partida. Sua memória permanecerá viva entre nós", escreveu a instituição de ensino em suas redes sociais.

+ Vídeo: alunos homenageiam professora Soraya Tatiana durante missa de 7º dia em BH

Nas redes sociais, inúmeros relatos de pais e alunos a descrevem a professora como amiga, profissional excelente e alguém que atuava além do ensino, trazendo mensagens de carinho e incentivo aos estudantes. Uma mãe afirmou que o legado deixado por Soraya era visível na forma como os filhos mencionavam ela em casa. "Através dos olhares, atitudes e palavras de nossos filhos, reconhecemos aquele professor que é muito mais do que um educador, um ser iluminado, que se preocupa com os alunos além do conteúdo didático", lamentou.

 “Lutaremos por sua memória. Seu sorriso não se apagará!” — a frase estampava adesivos com a foto de Soraya Tatiana França durante o sepultamento da professora, realizado na manhã da última terça-feira (22/7), no Cemitério da Paz, no bairro Caiçara, região Noroeste de Belo Horizonte. Familiares, amigos, ex-alunos e colegas da escola Santa Marcelina se despediram da profissional com orações e homenagens. “Ontem eu descobri o alcance do amor da minha filha. Fiquei impactado com tanto carinho, tantas flores, tanta gente", disse o pai da professora, Nilton França.