A greve dos professores da rede municipal de ensino de Belo Horizonte chegou ao fim nesta sexta-feira (4/7), após quase um mês de duração. O movimento grevista evidenciou a vulnerabilidade de alunos que vivem em aglomerados, segundo Kika Pereira, presidente da Associação Comunitária de Moradores da Vila Santana do Cafezal, no Aglomerado da Serra.

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Além do impacto na educação, Kika destaca que as escolas cumprem um papel essencial na oferta de alimentação para os estudantes. "Na maioria dos casos, as crianças vão às 7h e voltam às 17h. Então, ao chegarem em casa, somente fazem uma refeição. O impacto da greve foi grande para as famílias que, por já terem a escassez dos alimentos, não estavam preparadas para o que aconteceu", afirma.

Kika alerta ainda que a paralisação apresentou outros desafios que vão além do ensino e da alimentação. "O impacto é muito maior e aumenta a questão da vulnerabilidade. Ouvimos vários relatos de mães que tiveram que deixar os filhos nas casas de desconhecidos, pois não tinham outra opção. Já os estudantes maiores, que não precisam de alguém para cuidá-los, acabaram ficando o dia todo na rua. É uma realidade muito séria", relata.

A associação comunitária, que já oferece alimentação para moradores do Aglomerado da Serra, constatou um aumento de 30% na demanda durante o período da greve. "Somos uma ajuda para as famílias, pois muitas vezes elas têm o dinheiro apenas para a compra do biscoito e das frutas. Todos os meses atendemos 400 famílias com a entrega de cestas básicas. Então, em épocas como a da greve, elas automaticamente vêm nos procurar", diz.

As doações permitem que a assistência continue sendo prestada. Quem desejar ajudar pode clicar aqui.

A Prefeitura de Belo Horizonte foi procurada pela reportagem e questionada sobre as ações realizadas para minimizar os impactos da greve nos alunos. O retorno é aguardado.