O Tribunal do Júri de Belo Horizonte condenou, nesta quinta-feira (14/8), Geovanni Faria de Carvalho a 13 anos e 7 meses de prisão em regime fechado. Ele foi considerado culpado por quatro tentativas de homicídio contra policiais militares e por outra tentativa contra um motociclista, ocorridas durante fuga após um roubo de veículo no bairro Aarão Reis, região Norte da capital mineira, em janeiro de 2024.
Geovanni era comparsa de Welbert de Souza Fagundes, apontado como autor dos disparos que mataram o sargento da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) Roger Dias da Cunha, de 29 anos, durante a mesma ocorrência. O processo de Welbert foi desmembrado e ele será julgado separadamente. A ação contra ele está na fase de júri sumariante, etapa preliminar do Tribunal do Júri.
Como houve a necessidade de um exame de sanidade mental, o procedimento foi suspenso até a conclusão do laudo pericial. Com o resultado finalizado, a Justiça marcou para o dia 20 de agosto de 2025, às 13h30, no 2º Tribunal do Júri de Belo Horizonte, a audiência de instrução para ouvir as testemunhas de acusação e defesa, além de interrogar o réu.
Condenação de Geovanni
Segundo a denúncia do Ministério Público, Geovanni dirigia um Fiat Uno durante a fuga e, ao tentar escapar da abordagem da Polícia Militar, colidiu em alta velocidade com uma motocicleta conduzida por um civil, que sofreu ferimentos graves. Depois, ainda teria efetuado disparos de arma de fogo contra quatro policiais.
Durante o julgamento, Geovanni negou ter atirado contra policiais ou estar armado. Ele afirmou que estava no bairro para encontrar uma moça com quem se relacionava e que encontrou Welbert por acaso em uma pizzaria. Disse que aceitou dar carona até a região e que fugiu por não ter carteira de habilitação.
O réu declarou ainda que o carro era dele e que a colisão com o motociclista foi acidental, ocorrendo após ele ter sido baleado no braço durante a tentativa de abordagem. Contou que, depois de fugir, se escondeu em uma casa e, mais tarde, em um chiqueiro, onde foi localizado por cães da PM. Alegou também ter sido atingido por disparos mesmo já rendido e que só soube da morte do sargento Roger quando estava no hospital.
O julgamento terminou às 18h21 desta quinta. O Conselho de Sentença acolheu a tese da acusação e condenou Geovanni por quatro tentativas de homicídio contra policiais militares e por tentativa de homicídio contra o motociclista. A juíza Maria Beatriz Fonseca da Costa Biasutti Silva fixou a pena total em 13 anos e 7 meses de prisão em regime fechado.
Relembre o caso
A morte do sargento Roger Dias teve grande repercussão no Brasil. Ele foi baleado à queima-roupa, aos 29 anos, durante uma perseguição a dois suspeitos, na noite de uma sexta-feira (5 de janeiro), no bairro Novo Aarão Reis, na região Norte de Belo Horizonte. Vídeos de câmeras de segurança flagraram o momento em que o agente é atingido na cabeça.
Segundo informações da PM, guarnições do 13º Batalhão perseguiam um carro na avenida Risoleta Neves, quando o motorista teria perdido o controle da direção e batido contra um poste. Após o acidente, os suspeitos desceram do carro e continuaram a fuga a pé.
Um deles foi alcançado pelo sargento. Imagens de câmeras de segurança mostram o momento em que o militar se aproxima do suspeito e dá ordem de parada, mas é surpreendido pelo criminoso, que saca uma arma e atira à queima-roupa contra o policial. Ele estava foragido da prisão após a “saidinha” de Natal, o que motivou uma discussão sobre o benefício em nível nacional.
O vídeo mostra que o agente cai na sequência. Em seguida, militares chegaram ao local e socorreram o colega, que chegou a ser levado ao Hospital João XXIII, na região Centro-Sul da capital. Dois dias depois, no entanto, teve a morte cerebral confirmada. O militar doou os órgãos.