Bastante elaborado e convincente, um novo golpe que vem fazendo vítimas pelo Brasil parece ter chegado a Minas Gerais. Se passando por advogados e, até mesmo, oficiais de Justiça, criminosos estão usando supostas decisões judiciais com  pagamento de indenizações de valores altos para convencer suas vítimas a fazerem transferências bancárias. O TEMPO recebeu o relato de duas vítimas da Região Metropolitana de Belo Horizonte que, por muito pouco, não caíram no golpe do "Falso Advogado". 

Para convencer as duas vítimas — um motorista e uma servidora pública —, os criminosos copiaram a foto, o nome e, até mesmo, o endereço dos advogados em um aplicativo de mensagens , utilizado para acionar os seus alvos. Após dar a "boa notícia" da vitória judicial, os suspeitos chegam a enviar um arquivo em PDF com a falsa decisão que dá a vitória no processo e determina o pagamento das indenizações em valores, que, no caso dos denunciantes, variaram entre R$ 40 mil e R$ 57 mil. 

No caso do motorista, que preferiu não ser identificado, além da falsa identidade de advogado, um suposto oficial de Justiça também entrou em contato, reforçando a veracidade dos documentos. "Este ano eu estava buscando um carro para trocar e acabei achando um em uma agência do Barreiro. Fiz a compra e, após algum tempo, fui parado pela polícia, que me comunicou que o carro tinha indícios de adulteração no chassi e nos vidros do carro. Tive que entrar na Justiça e usaram esse processo para tentar aplicar o golpe", detalha. 

Ele conta que, ao saber do suposto pagamento de quase R$ 57 mil, sorriu "de orelha a orelha". "Como a foto era do meu advogado mesmo, e ele enviou até o arquivo da decisão, eu acreditei muito. Felizmente, percebi o golpe a tempo e procurei meu advogado", lembra o motorista.

Da mesma forma foi abordada pelos suspeitos uma servidora pública da educação, que também não será identificada. “Alguém se passou pelo meu advogado, falou que a causa estava ganha e me mandou documentações. Ficamos dialogando um tempo pelo WhatsApp, como se fosse ele. Só que, na verdade, era o estelionatário”, relatou.

Assim como no caso do motorista, um segundo contato também entrou em contato com ela, supostamente um servidor do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Segundo ela, os criminosos prometeram a liberação imediata de quase R$ 40 mil, mas condicionaram o pagamento a uma taxa inicial de R$ 5.000.

“Quando a gente escuta um valor desse, empolga. Eu pensei: ‘Se eu pagar 5.000, ainda ficarei com 34’. Eu já estava preparada para fazer o Pix, mas o banco emitiu um alerta de golpe na tela do meu celular. Foi aí que acordei”, disse.

Após procurar seu advogado verdadeiro, a aposentada registrou boletim de ocorrência e afirmou ter prints das tentativas de transferência, com dados das pessoas que receberiam os valores. “Graças a Deus, o banco emitiu o alerta, senão eu teria perdido R$ 3.000 em uma bela tarde de terça-feira”, completou.

A Polícia Civil foi procurada neste sábado (16/8), mas, até a publicação da reportagem, ainda não tinha se posicionado se investiga casos do novo golpe. Caso a instituição se manifeste, o texto será atualizado.

TJMG alerta para golpes

Em nota enviada a O TEMPO, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) informou que realiza campanhas permanentes para alertar a população sobre fraudes que utilizam o nome da instituição.

“O Tribunal de Justiça de Minas Gerais realiza ações recorrentes, no portal da instituição e em suas plataformas oficiais, para alertar a população sobre possíveis golpes envolvendo o nome do TJMG”, diz o comunicado.

No site oficial, o tribunal já publicou orientações à sociedade. Segundo o TJMG, nenhum servidor ou magistrado entra em contato com partes ou advogados por telefone ou aplicativo de mensagens para solicitar pagamento de custas, taxas ou qualquer depósito para liberação de valores.

Mais detalhes podem ser conferidos no material divulgado pelo próprio tribunal.