Médicos da rede municipal de saúde de Belo Horizonte ameaçam paralisar as atividades caso a prefeitura leve adiante o plano de retirar agentes da Guarda Municipal dos postos de saúde. A medida previa a saída dos guardas de 87% das 153 unidades, mas foi suspensa nesta terça-feira (19/8) após pressão da categoria. Os médicos, no entanto, não descartam a paralisação, considerando que esta não constitui a primeira ocasião em que o Executivo municipal apresenta a medida.

Uma assembleia geral será realizada nesta quinta-feira (21/8). "A assembleia está mantida mesmo com a suspensão da retirada dos guardas. Não é a primeira vez em que o Executivo tem essa postura. Então, caso eles decidam nessa medida, nós iremos responder e tomar todas as medidas judiciais para responsabilizar a prefeitura por qualquer situação que possa acontecer com os médicos. A prefeitura precisa saber que, se acontecer um ato de violência, o responsável terá nome e sobrenome", relata Artur Oliveira Mendes, diretor do Sindicato dos Médicos (Sinmed).

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Como informado por O TEMPO, entre janeiro e junho deste ano foram registradas 1.518 ocorrências de violência nas unidades de saúde de Belo Horizonte. A média é de 253 episódios por mês, o equivalente a oito casos por dia. O levantamento, feito pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), considera boletins de ocorrência registrados pela Polícia Militar (PMMG), cujas vítimas são profissionais da saúde e pacientes.

"Além da violência, os médicos tem denunciado ao sindicato problemas com a estrutura física e falta de medicamentos. Mas o principal entrave mesmo tem sido o sistema eletrônico para o atendimento de pacientes que não funciona. É um sistema que a gente enfrenta um risco constante de perder as informações sobre os pacientes e isso pode comprometer a assistência", completa o diretor do Sinmed.

Caso optem pela paralisação após a assembleia desta quinta-feira (21/8), a categoria definirá a data de início. Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) informa que está aberta ao diálogo com o sindicato da categoria.

"No que se refere ao sistema eletrônico, a SMSA informa que a implementação nas unidades de saúde busca agilizar os atendimentos e qualificar a assistência. O sistema possibilita que os dados do cidadão sejam unificados em uma mesma plataforma, acessível em tempo real e em todos os pontos da rede ambulatorial, de urgência e hospitalar", disse em nota. Em relação a instabilidade, a pasta informou que os profissionais podem acionar as equipes de suporte.

Veja a nota:

"A Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) informa que está aberta ao diálogo com o sindicato da categoria. No que se refere ao sistema eletrônico, a SMSA informa que a implementação nas unidades de saúde busca agilizar os atendimentos e qualificar a assistência. O sistema possibilita que os dados do cidadão sejam unificados em uma mesma plataforma, acessível em tempo real e em todos os pontos da rede ambulatorial, de urgência e hospitalar. No caso de instabilidade, há um fluxo específico onde a equipe assistencial e gestora podem acionar o suporte para a solução do problema".