O acidente que deixou um trabalhador morto e outro ferido na tarde da última segunda-feira (18/8) ocorreu durante uma obra da Prefeitura de Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A informação foi confirmada a O TEMPO pelo próprio município, que alegou que o funcionário era de uma empresa terceirizada - a MSG Construtora - e que trata-se de uma obra de alargamento e pavimentação da estrada que liga o distrito de Aranha e o povoado de Suzana. 

De acordo com denúncia feita por uma moradora que pediu anonimato, que vive na região de Córrego das Almas, onde a explosão ocorreu, as condições de trabalho no local levantam suspeitas de irregularidades. Segundo ela, o trabalhador morto não usava sequer um capacete no momento da explosão, estando apenas com um chapéu. “O chapéu dele foi arremessado para longe do corpo quando a explosão aconteceu. Nunca vi eles usando os equipamentos de proteção adequados”, afirmou.

A moradora também relatou que os moradores do entorno não receberam aviso prévio sobre as detonações realizadas para abrir espaço na estrada. “Eles simplesmente começaram o trabalho. Da noite para o dia derrubaram árvores e fizeram explosões. Chegamos a ligar na prefeitura, e um funcionário disse que nem haveria explosão porque isso exigiria licenciamento e estudo técnico”, contou.

Ainda conforme a moradora da região, este não é o primeiro acidente com explosivos nesta obra. Segundo a mulher, entre maio e junho deste ano uma outra explosão deixou um funcionário ferido. À época, as detonações chegaram a ser suspensas, mas acabaram retomadas semanas depois.

Prefeitura interdita obra e cobra apuração

Em nota, a Prefeitura de Brumadinho informou que equipes da Vigilância Sanitária, Defesa Civil e do Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) estiveram no local e determinaram a paralisação imediata da obra.

A administração municipal destacou ainda que o material usado não seria explosivo convencional, mas “uma cápsula geradora de gases não explosiva”, tecnologia empregada para fragmentar rochas. “A causa do acidente ainda será investigada, sendo de responsabilidade da MSG Construtora. A Prefeitura segue atuando oferecendo suporte psicológico e cobrando investigação dos órgãos competentes”, diz o comunicado.

Também procurada por O TEMPO, a MSG Construtora também se pronunciou sobre o caso. Em nota, afirmou que a etapa do desmonte de rochas estava sob responsabilidade de uma empresa subcontratada, à qual o trabalhador morto era vinculado.

“Consternados, expressamos nossas mais sinceras condolências aos familiares e amigos neste momento de dor. Nos colocamos integralmente à disposição para oferecer todo o suporte necessário à família, incluindo apoio logístico e emocional”, informou a construtora, que disse ainda colaborar com as autoridades e instaurar apuração interna para esclarecer as circunstâncias da explosão.

“A segurança e o respeito à vida são valores essenciais da
Construtora MSG. Manteremos a transparência e atualizaremos as
informações relevantes tão logo possível", concluiu a empresa.