Em cerimônia que reverenciou a ancestralidade afrobrasileira  e a religiosidade, representantes de guardas de reinado e de congado de Belo Horizonte e do interior de Minas Gerais receberam, neste domingo (24/8), o certificado de registro que torna  os Saberes do Rosário: Reinados, Congados e Congadas como patrimônio cultural do Brasil. 

O reconhecimento, que já havia sido anunciado no último dia 17/7 pelo Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), foi formalizado com a entrega do documento a reis, rainhas e capitães de  reinados e congados de Minas. A celebração ocorreu durante a Virada Cultural de Belo Horizonte

Participaram da cerimônia a ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania,  Macaé Evaristo, o diretor do Departamento de Patrimônio Imaterial (DPI) do Iphan, Deyvesson Gusmão, a secretaria Municipal de Cultura de BH, Eliane Parreiras, a deputada federal Célia Xacriabá (PSOL-MG), além de parlamentares do Ministério da Cultura, da Assembleia Legislativa de Minas Gerais e da Câmara Municipal da capital mineira. 

Em entrevista a O TEMPO, a ministra Macaé, que é congadeira, celebrou o reconhecimento. "Os Saberes do Rosário estão em todos os municípios mineiros. É uma experiência de fé, mas também de ancestralidade. (...) As nossas guardas de reinado e de congado expressam a resistência da população negra e periférica junto com uma tradição muitas vezes levadas por grupos de famílias que de congregam para manter de pé essa experiência de resistência. A gente se sente reconfortado de saber que essa tradição agora está imortalizada nos livros do patrimônio do Brasil", ressaltou a ministra.

Representante do Iphan na cerimônia, Deyvesson Gusmão destacou a emoção pela formalização do reconhecimento desses grupos como patrimônio do país. "Quando a gente fala de congado, estamos falando de luta anti-racismo e de resistência negra. Este reconhecimento busca dar visibilidade aos grupos congado e aos reinados que existem em Minas, São Paulo e Goiás", declarou. 

Secretária de Cultura de BH, Eliane Parreiras, por sua vez, destacou o compromisso do município com a preservação dos saberes destes grupos também na capital mineira. "Neste ano ainda a gente termina um inventário dos reinados e congados aqui de BH para que a gente possa reconhecer como patrimônio cultural municipal e, a partir disso, criar o que é mais importante: que são as políticas de salvaguarda. Porque é muito mais que um título, é um compromisso público de criar políticas culturais de fomento e valorização", ressaltou Eliane.