A Virada Cultural de Belo Horizonte atraiu os amantes do samba, que curtiram o melhor do estilo musical ao som da Velha Guarda da capital, durante a tarde deste domingo (24/8). Pela primeira vez recebendo atrações do evento, a Praça Fuad Noman, batizada esse ano pelo Prefeito Álvaro Damião, foi palco de uma roda especial.

Ninguém ficou parado, nem mesmo aqueles que não têm o "samba no pé". "Eu tento, não tem jeito. Mas o samba mexe com a gente", disse Patrick Carvalho, de 28 anos, analista de sistema. 

O grupo Velha Guarda do Samba BH é uma associação de sambistas veteranos que está há mais de 25 anos levando ao público  um repertório de sambas, marchinhas e enredos de carnaval. A ideia dos músicos é preservar a cultura do samba nacional e regional apresentando vários artista mineiros como Clara Nunes e Ataúfo Alves.

Carlos Roberto da Silva, de 66 anos, presidente do grupo, disse que é  muito importante cantar o samba de raiz pra garotada. "É  a nossa cultura. Nós somos um cartão postal de BH e o samba é vida". A cantora, Eliane di Minas, de 62 anos, participa do grupo há três anos e acha sensacional cantar para uma multidão. como esta da Virada. "Eu sempre gostei de samba de raiz desde nova. Adoro cantar pra rapaziada e mostrar as músicas da minha época e da época dos meus pais".

Kadiola da Vila, de 75 anos, um dos mais velhos da turma, canta desde muito novo e  fez questão de ressaltar que a juventude precisa conhecer o samba raiz. "Pra mim é um grande prazer cantar as canções antigas da velha guarda. Estamos aqui pra mostrar pra galera nova como o samba nasceu", e com um sorriso no rosto pegou seu microfone e foi cantar pra galera, pois já estava na hora do show.

Ingrid Mello, de 30 anos, administradora, disse que nos últimos anos tem escutado muitoo samba raiz. " Morei fora muito tempo e o samba me dá esse contato com nossa cultura. Está uma delícia, adoro a música, me sinto animada, esqueço os problemas da vida". A amiga Thaís Horta, de 33 anos, engenheira de produção, disse que adoro um pagodão e que passear pelo samba raiz é encontrar parte da nossa cultura. "É muito bom ver o samba crescendo em BH. Essa multidão só reforça o poder do samba", concluiu. 

O espetáculo foi aberto pela mestre de cerimônia Maryh Beneditta. Negra e vestida conforme as tradições africanas, ela ressaltou a importância do samba na cultura nacional. "O samba é  brasileiro,  mostra a força dos nossos ancestrais passando a mensagem em cada verso, em cada poema. Celebrar a sabedoria dos mais velhos com o samba raiz é dar continuidade pra todos nós".
A música pra abrir o show foi de Ary Barroso, "Isto aqui, o que é", colocando todo mundo pra cantar e sambar.

Sobre o grupo 

Originalmente o Grupo Velha Guarda do Samba de BH foi formado por nomes como Jadir Ambrósio (criador do hino do Cruzeiro Esporte Clube), Dona Eliza, Mestre Conga, Ronaldo Braisl Lagoinha, Dona  Lucia, Tia Elza entre outros. O grupo promove encontros, ensaios, oficinas e palestras, além de apresentar sambas e enredos para as novas gerações, garantindo a continuidade do legado musical afro-mineiro.