Moradores de um reassentamento com cerca de 300 famílias no bairro Icaivera, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, reclamam de falta constante de água nos apartamentos. O problema, segundo eles, é consequência da forma como é feita a cobrança do serviço: coletiva, sem hidrômetros individuais. Com isso, basta alguns condôminos atrasarem o pagamento para todos serem impactados. A Copasa e prefeitura apontam que individualização depende de obras internas do residencial.

Conforme a moradora Francielly Lorrainy Ferreira dos Santos, de 31 anos, a situação se arrasta há três anos. Ela vive no condomínio com o marido, a mãe, um filho pequeno e um bebê recém-nascido. Antes, morava em área de risco no bairro Bela Vista, na região do Eldorado, e foi reassentada pela Prefeitura de Contagem.

“Fomos reassentados pela prefeitura, mas nos deixaram com uma caixa de água coletiva para todos. Não há padrão individual. Muitas famílias não pagam, e toda vez é o mesmo problema: a conta acumula e ficamos sem água. No momento, estou com um bebê recém-nascido e minha avó idosa em casa. É humilhante. A prefeitura abandonou a gente. Queremos que individualize a água, como acontece com a luz”, completou.

O que diz a Copasa?

Em nota, a Copasa informou que o condomínio foi projetado e executado com apenas uma ligação de água para atender todos os apartamentos e que, atualmente, há débitos em aberto. A companhia destacou que, “para a instalação de medição individualizada, serão necessárias adequações estruturais no sistema hidráulico interno, cuja execução será de responsabilidade do condomínio”.

Segundo a empresa, “o caso será tratado diretamente com o proprietário do imóvel, a fim de avaliar a viabilidade e o interesse na individualização das ligações de água”. A Copasa também disse que entrará em contato com o síndico “para tratar de eventuais negociações relacionadas aos débitos existentes”.

Prefeitura de Contagem justifica cobrança coletiva

A Prefeitura esclareceu que o condomínio integra o programa federal Minha Casa, Minha Vida, com projeto aprovado em 2018, quando ainda não havia a exigência de individualização da água. De acordo com o município, a solução de abastecimento executada pela construtora prevê apenas um hidrômetro principal e um reservatório coletivo, sem medição por unidade.

Ainda segundo a administração, “a viabilidade da medição individualizada deve ser verificada diretamente junto à Copasa, sendo os estudos técnicos e os custos necessários para sua implementação de responsabilidade do condomínio”.

A Prefeitura acrescentou que, em 2023, o governo federal passou a exigir hidrômetros individuais em novos empreendimentos do Minha Casa, Minha Vida. “Essa alteração, introduzida em 19 de maio de 2023, aplica-se, a partir dessa data, aos novos projetos do programa”, disse.